Padrão de ouro ‘2.0’ da Rússia e China promete acabar com o dólar

Padrão de ouro ‘2.0’ da Rússia e China promete acabar com o dólar

Um novo sistema de comércio de ouro baseado em existências físicas, desenvolvido por Moscovo e Pequim, seria fatal para a hegemonia do dólar, afirma especialista. A Rússia e a China estão a dar o primeiro passo para a criação de uma plataforma de compra e venda de ouro entre os países BRICS, separada das formas tradicionais de comércio do metal.

Quando isso se concretizar, a economia mundial transformar-se-á e o dólar perderá a sua hegemonia, prevê o consultor em metais preciosos Cláudio Grass. “Pequim e Moscovo entendem que os EUA têm usado o dólar para controlar o mundo e querem distanciar-se deste controlo com a implementação de um novo tipo de ‘padrão de ouro 2.0’”, afirmou Grass ao canal de televisão russo RT, sublinhando que esse distanciamento ocorre ao mesmo tempo que os países ocidentais continuam a optar pela moeda fiduciária em vez da moeda- mercadoria.

“Na Ásia vêem o ouro como moeda superior, ‘real’, algo de que o Ocidente se esqueceu devido à riqueza em papel – crédito – que acumulou”, sublinhou o consultor, explicando que o comércio de ouro no mercado de balcão (fora da bolsa) em 2016 foi de cerca de dez vezes superior à quantidade de ouro extraído hoje, o que é uma “fraude gigante e obviamente insustentável”.

A iniciativa do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) prevê realizar as primeiras transações entre Moscovo e Pequim em 2018, 100% apoiadas por ouro físico. Para Grass, as existências físicas de ouro e a futura eliminação dos mercados tradicionais do metal fariam com que o dólar “aterrasse” do voo que tem mantido desde o colapso do sistema de Bretton Woods em 1971. “As fraudes em papel em Londres e Nova York explodirão quando o preço em papel do ouro cair para zero ou quando apenas uma fracção dos investidores reclamar o ouro físico que lhe pertence”, declarou Grass.

“Estamos a entrar numa batalha entre moedas: uma apoiada por um activo sólido e outra por promessas, que as gerações futuras pagarão mediante dívidas, inflação e impostos cada vez mais altos”, concluiu ele. Os países do BRICS produzem e consomem volumes impressionantes de metal precioso e querem continuar a fazê-lo sem ser através dos centros europeus tradicionais. De acordo com o vice-presidente do Banco Central russo, este já firmou um memorando com a China para desenvolver o comércio bilateral de ouro. O banco espera que em 2018 seja lançado o sistema de comércio bilateral com Pequim.