Produção e transformação de madeira em Cabinda com investimento de EUR 3 milhões

Produção e transformação de madeira em Cabinda com investimento de EUR 3 milhões

A iniciativa é da empesa Abílio de Amorim, proprietária da maior serração da província de Cabinda, agora virada à actividade de exportação de madeira para a Europa, Ásia e resto do mundo. Presentemente, mais de 10 contentores de 20 pés com madeira seguem para a Singapura.

POR: Miguel Kitari fotos de Pedro Nicodemos

No sentido de dotar a sua serração de maquinaria de última geração, a empresa Abílio de Amorim investiu EUR 3 milhões, um investimento que conta com o apoio de bancos locais, avançou ao OPAÍS Herculano de Amorim, um dos administradores da empresa. De acordo com Herculano de Amorim, o dinheiro será aplicado no aumento da capacidade técnica, da área coberta e na secagem da madeira.

Com isso, explica, serão criadas condições para a segunda fase, a transformação, pois é necessário avançar para outros produtos com a madeira. “Temos uma produção anual de madeira na ordem dos 15 mil metros cúbicos de madeira em toro que queremos aumentar para 45 mil”, revelou. Localizada na região de Cabassango, Norte do município de Cabinda, a serração vai garantir emprego a mais jovens de Cabinda.

“Nesta altura, já garantimos 400 postos de trabalho directos, nos vários sectores da empresa. E o número de expatriados é muito reduzido. Há apenas 4”, revelou. À luz do novo investimento, Herculano de Amorim avançou ao OPAÍS que vão solicitar um aumento da quota de exploração de madeira na floresta do Mayombe ao Governo local e ao Ministério da Agricultura e Florestas.

“Ainda não formalizamos o nosso pedido, mas devemos fazê-lo em breve. A reprodução de árvores na floresta do Mayombe é superior à capacidade de exploração das empresas da região”, referiu, acrescentando que não há risco de acabar com o Mayombe. Afirma ainda que o negócio da madeira é caro e que o retorno não é rápido.

Madeira de Angola pode chegar aos Estados Unidos

A madeira que sai de Cabinda, em vários formatos, cruza o oceano e chega até ao continente Europeu, tendo como porta de entrada Portugal e Espanha. Na Ásia, China, Vietnam e Bangladesh, também compram madeira angolana. “Queremos pensar noutros mercados, nomeadamente, os Estados Unidos da América”, disse, Herculano de Amorim.

Herculano de Amorim apontou ainda que o processo de exportação pode ser alargado quando o novo investimento for concluído. Todavia, notou que “nesta altura temos madeira em contentores a “caminho” da Singapura. Precisamos de criar condições para o efeito, sobretudo a nível do porto”, reiterou o gestor. Trata-se de mais de 10 contentores de 20 pés contendo madeira retirada da floresta do Mayombe e trabalhada na serração Abílio de Amorim.

Falta de porto limita exportação

A falta de um Porto de Águas profundas, segundo Herculano de Amorim, constitui um dos principais impasses no aumento das exportações de madeira de Cabinda para outros pontos do mundo. O gestor lamentou, por isso, a existência de enormes quantidades de madeira à espera de serem exportadas, desde o passado mês de Julho.

“A falta de um porto maior que o actual não nos facilita as exportações, como era desejável. Mas temos fé em que o quadro vai mudar quando estiver concluído o porto de águas profundas do Caio”, declarou. Herculano de Amorim disse, por outro lado, que com a exploração da madeira (de forma ilegal) nas outras regiões do país, o negócio de deixou de ser competitivo “No passado, Cabinda alimentava todo o país.

Alcançada a paz, o Uíge, o Bengo, Cuanza-Norte, Moxico e o Cuando Cubango passaram também a explorar. Por isso, o negócio deixou de ser competitivo, agravado pela descontinuidade geográfica de Cabinda”, lamentou. Apesar do quadro marcado pela “concorrência desleal”, porque muitos exploradores não pagam impostos, o gestor acha que cabe às autoridades fiscalizar e tomar medidas.

Cabinda, a potência da madeira

Cabinda é a região de Angola com grandes potencialidades florestais, aliás, Mayombe é uma das maiores florestas do mundo. As potencialidades florestais da província de Cabinda abrangem uma área de aproximadamente 250 mil hectares, das quais 175 mil correspondem à densa floresta do Mayombe. A sua densidade média varia entre os 40 e 50 mil metros cúbicos, com uma reserva estimada em 20 milhões de madeiras.

Na floresta de Mayombe podem ser encontradas espécies de madeira como o Numbi, Takula, Banzala, Wamba, Vuku, Limba, Kungulo, Pau-Rosa, Tolas Branca e Chinfuta, Lifuma, Kali, Kâmbala, Ndola, Livuite e Pau-Preto, além de guardar ciosamente variadíssimas de espécies de animais. Dados do IDF Cabinda indicam que a sua taxa de crescimento anual é de 0,4 metros cúbicos de hectares por ano, o que pressupõe um crescimento total da floresta de 114 mil metros cúbicos de área explorável.

Números

400- Empregos foram assegurados pela firma, uma das maiores do país na exploração e tratamento de madeira.

6- É o número de países para os quais a empresa exporta. Chegar aos Estados Unidos da América é a grande aposta.

15- Mil metros cúbicos de madeira/ ano é quanto a empresa Abílio de Amorim explora na floresta do Mayombe, em Cabinda.

250- Mil hectares é o que corresponde às potencialidades da floresata de Cabinda, sendo que 175 estão na densa floresta do Mayombe.