Yuri da Cunha: “Gostaria um dia cantar sem medo sobre críticas sociais”

Yuri da Cunha: “Gostaria um dia cantar sem medo sobre críticas sociais”

O músico Yuri da Cunha disse a OPAÍS que gostaria de um dia cantar livremente, sem medo, sobre críticas sociais, como a falta de amor entre os seres humanos.

POR: Antónia Gonçalo

O artista referiu que gostaria de cantar sobre o assunto para que houvesse mais afecto e união entre os seres humanos, facto que considera possível através das mensagens que seriam transmitidas nas suas músicas. “Falo de críticas relacionadas com as músicas do Teta Lando, onde o político pudesse olhar para um cidadão como irmão, o professor para o futebolista com admiração, sem receio de ser mal-entendido”, sublinhou.

O artista, que está a trabalhar no seu novo projecto discográfico denominado “Mister Pulungunza”, que pretende lançar no próximo ano, com a participação de vários artistas angolanos e estrangeiros como o músico, compositor e produtor nigeriano Praiz, explicou que a intenção é lançar um álbum digital que ficará disponível na Internet. O talentoso que no ano em curso realizou mais de 50 espectáculos no país e no exterior, como em Portugal, Moçambique, Cabo Verde e nos Estados Unidos da América fez um balaço positivo do ano de 2017. “No ano passado tive uma infelicidade, o passamento físico da minha esposa e ainda estamos num ano de superação. Apesar disso, agradeço a Deus por ter saúde e trabalho”, considerou.

O músico disse ainda que se sente amado pelo público angolano, e a denominação de “Showmen” considera-a como um título que as pessoas que apreciam e acompanham o seu trabalho lhe atribuíram. Quanto aos prémios conquistados, como no Top dos Mais Queridos da Rádio Nacional de Angola, assim como no exterior, referiu serem resultado do seu trabalho dirigido especificamente para os fãs. “Não fico triste quando não recebo prémios, mas sim quando noto que o público não vibra com as minhas músicas”, realçou. Disse que, apesar de ter como fonte de inspiração Deus e as pessoas ao seu redor, a sua principal fonte de inspiração continua sendo a sua avó Julieta da Fonseca. “Cada vez que vou à procura de uma música mais sentimental, penso sempre nela. Por isso acredito que ela é a minha maior fonte de inspiração”.

Perfil

Yuri da Cunha , nascido no Sumbe, província do Cuanza- Sul, em Setembro de 1980, começou a sua carreira depois de vencer um concurso de rua, em 1994, na sua cidade natal. Dez anos depois venceu um outro concurso com a música Makumba, ao ser escolhido pelo público entre os dez mais tocados na rádio local. Nesse ano arrebatou o prémio da Rádio Televisão Portuguesa (RTP) para o melhor vídeo clipe e de melhor música do ano dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) na Holanda. O primeiro disco, “É Tudo Amor”, gravou-o em Portugal, em 1999. “Makumba”, a canção que o tornou conhecido do grande público, gravou-a em 2003 e venceu o Top dos Mais Queridos em Angola no ano seguinte, 2004. O segundo foi apresentado em 2005, intitulado “Eu” e permitiu-lhe confirmar o sucesso de temas que o colocaram na ribalta do music hall angolano. O terceiro foi lançado em 2009 com o título em kimbundu “Kuma Kwa Kié”. O Intérprete” é o mais recente, lançado em 2015. Os sucessos “Gago”, “De Alma na Paixão” e “Sagacidade no Amor” são alguns dos 17 temas deste trabalho.