Embelezamento de Natal é tradição na rua da Mavinga

Embelezamento de Natal é tradição na rua da Mavinga

Uma das ruas do bairro popular, Mavinga, vive a tradição de ser embelezada nesta época festiva, haja muitos ou poucos recursos financeiros.

POR: Stela Cambamba

Adão de Almeida, mais conhecido por Mbuntá, morador da rua de Mavinga, no bairro popular, Luanda, há mais de 40 anos, revelou ao OPAÍS, que é tradição dos moradores no período da quadra festiva proceder ao embelezamento da rua. Por este motivo, os jovens mantêm o hábito, embora a rua esteja actualmente quase sem asfalto. Graças ao empenho dos jovens moradores, a rua já foi premiada várias vezes.

Embora este ano não tenha sido melhor que o transacto, os defeitos na rua são visíveis à noite por culpa dos jogos de luzes dos diferentes tipos de lâmpadas que a iluminam. Anos atrás, durante o dia, as diversas cores de papéis colados em fitas, ao longo da rua, como pintura nova, coloriam animadamente a zona. “Gostaria de ver a rua mais embelezada”, disse Adão de Almeida. Entre os antigos moradores da rua, a equipa de reportagem deste jornal encontrou a dona Antonica Adão, 75 anos, dos quais metade passou-os na Mavinga.

Ela conta que nos anos passados registava-se uma forte união entre os moradores, e todos participavam no embelezamento, comprando tinta, os diversos tipos de lâmpadas, papéis decorativos e demais materiais. “Na altura, residia também o Brito Godinho, esposo da dona Antónia, apoiava a organização com meios financeiros e não só”, recordou. Afirmou que na época eram palpáveis a união e amor ao próximo, pelo que quando alguém tivesse alguma infelicidade no seio familiar, os vizinhos reuniam-se todos para acompanhar o vizinho acometido pela infelicidade.

E quando se tratasse da maior das infelicidades, prestava-se solidariedade à família enlutada. E, “se a vizinha ou irmã, como nos tratávamos, estivesse doente, as outras não cruzavam os braços”. Antonica Adão explicou que a contribuição para o embelezamento da rua, no passado, era feita com a devida antecedência. A recolha iniciava no mês de Junho e em Novembro começavam as compras do material.

Agora, a maior parte dos moradores antigos já não reside na Mavinga. Por este motivo, a união, o amor ao próximo e o nível de contribuições baixaram, tendo em conta que os seus novos habitantes não possuem meios, motivo pelo qual deixaram de se reunir para contribuir visando prestarem solidariedade a um vizinho. “A união está a fazer falta entre os moradores”, lamentou Antonica Adão.