Importações travam inflação

Importações travam inflação

O banco central reconhece que os bens importados terão contribuído para a redução da inflação em Novembro, invertendo novamente a trajectória dos preços, a par da política monetária restritiva seguida.

POR: Luís Faria

O aumento da oferta de bens, sobretudo alimentares, maioritariamente importados terá contribuído para a redução da inflação no mês de Novembro, concluiu o Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA), na análise que fez do andamento dos preços na sua última reunião de 2017, a qual teve lugar a 29 de Dezembro, Sexta-feira. O CPM do banco central integra os governadores da instituição responsável pela regulação e supervisão do mercado financeiro.

Para a redução da variação mensal da inflação em Novembro (a menor verificada ao longo do ano) contribuiu adicionalmente, adianta o CPM em comunicado, ‘a manutenção de uma política monetária restritiva manifesta na contracção da Base Monetária de 7,27 % e 14,70 % nos últimos 12 meses’. Registe-se que na sua última reunião mensal o CPM decidiu-se, ao fim de ano e meio, pela elevação da taxa de juro base de referência do banco central, a qual influencia a estrutura das taxas de juro praticados no sistema bancário, permitindo a transferência da política monetária.

A taxa de juro básica do BNA voltou assim a subir de 16% para 18% ao ano, um ajuste ditado pela evolução da inflação, com a variação dos preços a aumentar de mês para mês. A Taxa da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (overnight) foi mantida em 20% ao ano, mas a Taxa da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez foi reduzida para 0% ao ano, passando o banco central a intervir com operações de mercado aberto para efeitos de regulação da liquidez.No que respeita à base monetária em moeda nacional, a qual corresponde ao conjunto constituído pelas notas de kwanza em circulação e pelas reservas dos bancos, ou seja, o dinheiro existente na economia, passou, de acordo com o comunicado emitido pelo CPM após a sua reunião de Novembro, a ser a variável operacional da política monetária.

De acordo com as últimas estatísticas monetárias do BNA, designadamente no que respeita à Base Monetária Ampla encontravam- se em circulação, no final do último ano, Kz 496.379 milhões. Em Janeiro, o montante de moeda em circulação reduziu-se para Kz 447.718 milhões (quase menos 10%) e em Fevereiro para Kz 435.659 (menos 2,7% face a Janeiro e uma redução que excede 12% desde o início deste ano. No primeiro semestre deste ano, face à subida do valor da moeda norte-americana, o BNA chegou a retirar de circulação mais de Kz 78.100 milhões. Após esse período o BNA abrandou a ‘secagem’ da liquidez de numerário no mercado, mas, mesmo assim, o dinheiro físico em circulação situou-se abaixo dos registos verificados antes de 2014. De acordo com o BNA, os meios de pagamentos representados pelo agregado M2 aumentaram 1,17 % em Novembro de 2017 e diminuíram 1,06 % nos últimos 12 meses.

Crédito ao Governo aumenta mais que à economia

Nos últimos 12 meses, refere o comunicado do CPM, a LUIBOR Overnight fixou-se em 16,14 % ao ano, tendo o crédito à economia aumentado 0,45 %, enquanto o crédito bruto ao Governo Central (titulado e não titulado) aumentou 1,04 %. Quanto à taxa de câmbio as novidades ainda estarão para vir, sendo que, no mercado cambial primário, a taxa de câmbio média do kwanza face ao dólar se manteve fixa em 165,92. Em Novembro, os Bancos comerciais compraram USD 859 milhões, dos quais USD 785 milhões ao BNA e os remanescentes USD 74 milhões, aos seus clientes, o que comparativamente ao mês anterior representou um aumento de 22,7 %. As Reservas Internacionais Líquidas contraíram no mês em 6,1 %, situando-se em USD 14.246 milhões. O CPM decidiu manter as principais taxas de referência inalteradas, mantendo a Taxa Básica de Juro – Taxa BNA – em 18 %, ao ano, a Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (Overnight) em 20 %, ao ano, não remunerada a Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez (Overnight) e o Coeficiente das Reservas Obrigatórias sobre os depósitos em moeda nacional em 20 %.