CaixaBank procura solução para reduzir participação no BFA

CaixaBank procura solução para reduzir participação no BFA

O banco espanhol, que controla o português BPI que, por sua vez, detém 48,1% do BFA, quer encontrar uma solução que reduza a sua participação na instituição angolana, uma exigência imposta pelo Banco central Europeu

O presidente executivo do CaixaBank disse esta Sexta-feira que o grupo bancário está à procurar com ‘tranquilidade’ uma solução para reduzir a participação que detém no Banco de Fomento Angola (BFA) e cumprir a imposição do Banco Central Europeu (BCE). ‘O objectivo é reduzir a participação mas não temos prazos para o fazer.

Com tranquilidade vamos buscar melhor a saída para o BPI, para o BFA’, disse Gonzalo Gortázar, em conferência de imprensa em Valência. O gestor disse que está ‘tranquilo com a posição’ que tem no BFA – o BPI tem 48,1% do banco angolano – apesar da situação económica difícil que Angola vive, mas que continuam ‘a explorar’ opções.
Gortázar considerou ainda que o BFA é ‘um banco muito rentável’, com rentabilidade de recursos próprios de 35%, e ‘bem gerido’.

A maioria do capital do BFA passou, desde o início de 2017, a ser detida formalmente pela Unitel, com a concretização da compra de 2% do capital da instituição financeira à operadora angolana de telecomunicações ao banco de direito português BPI por EUR 28 milhões. Ao reduzir a sua participação no BFA o BPI cumpria assim uma exigência do Banco Central Europeu (BCE) A transmissão, a favor da Unitel, de uma participação social representativa de 2% do capital social e direitos de voto do BFA por parte do português BPI ocorreu dia 5 de Janeiro do último ano, passando as participações do Banco BPI e da Unitel no BFA a ser de, respectivamente, 48,1% e de 51,9%.

O BFA passou, entretanto, a ter outro presidente do conselho de administração. Fernando Ulrich, que presidia ao BPI, deu lugar a Mário Leite da Silva, que representava a holding Santoro da empresária Isabel dos Santos na administração do BPI. Isabel dos Santos, além de deter a segunda posição accionista no BPI, participa também no capital da Unitel.

BCE não se dá por satisfeito

Apesar do BFA ser, desde então, controlado pela Unitel, com 51,9%, tendo o BPI 48,1%, naquilo que considera ser uma participação financeira e não estratégica, não estando o BPI presente na gestão do BFA, Frankfurt (onde se localiza a sede do BCE) continua a querer que o BPI reduza a sua participação no BFA. O BFA divulgou esta Quartafeira resultados líquidos de USD 416,4 milhões durante o exercício económico de 2017, o que corresponde a um aumento de 12,1% face aos 371,2 milhões de dólares registados no exercício de 2016

No mesmo dia o BPI divulgou lucros de EUR 10,2 milhões de euros em 2017, abaixo dos EUR 313,2 milhões registados em 2016, devido sobretudo aos impactos negativos da redução da operação em Angola. Sexta-feira foi conhecido que o CaixaBank teve em 2017 lucros recorde de EUR 1.684 milhões (os maiores da sua história, mais 60% do que em 2016), e que a contribuição do BPI para o grupo CaixaBank foi bem maior, de EUR 176 milhões. Segundo explicou fonte do grupo, a diferença tem que ver com o perímetro de consolidação do BPI no CaixaBank que só inclui 11 meses de 2017.

Apenas desde Fevereiro de 2017, após a Oferta Pública de Aquisição (OPA), o CaixaBank tem 85% do BPI. Em Janeiro de 2017, quando aconteceu a venda de 2% do BFA à operadora Unitel, o CaixaBank tinha 45,5% do BPI, pelo que o impacto no grupo espanhol de redução da operação angolana pelo BPI foi menor. O CaixaBank apresentou Sexta-feira os seus resultados referentes a 2017 na cidade espanhola de Valência. O banco mudou em Outubro a sua sede de Barcelona, na Catalunha, para Valência, na sequência da instabilidade na região catalã motivada pelo movimento independentista.