Menos palavras, mais ações

Apesar de os especialistas afirmarem que as vítimas da violência continuam a ser maioritariamente jovens, negros e pobres, também alertam para mudanças nas zonas vermelhas. “A maior novidade não é a violência no Rio ou em São Paulo, e sim uma maior estruturação dos grupos criminosos no Norte e no Nordeste do país”, destaca Ignacio Cano, especialista em violência da Universidade Estadual do Rio, a UERJ. O Governo de Michel Temer insiste na necessidade de tomar as rédeas nessa questão, sem mencionar, no entanto, qualquer plano concreto antes de entregar o poder em 2019. “Temos uma crise económica e política muito forte que complica o cenário e o Governo Federal coloca-se na defensiva e começa a fazer declarações ‘bombásticas’, em vez de tomar medidas, como uma forma de eludir a sua própria responsabilidade”, lamenta Cano. “Reformar este sistema depende fundamentalmente da força do Presidente da República. E isso, sem um Presidente eleito nas urnas e que queira gastar parte do seu capital político num tema tão espinhoso, que pode não dar resultados em quatro anos… é muito difícil”, conclui Trindade.