Angola e Zâmbia unidos contra cólera e malária

Angola e Zâmbia unidos contra cólera e malária

“Uma parceria para a saúde e bem-estar”. Assim está a ser designado o Memorando de Colaboração rubricado Segunda-feira (05/01) num dos hotéis de Lusaka, entre os ministérios da Saúde de Angola e Zâmbia, representados pelos respectivos ministros, Sílvia Lutukuta e Chitalu Chilufya.

POR: Alexandre Tchilumbu
em Lusaka

Angola e Zâmbia partilham mais de mil quilómetros de fronteira e a persistente ocorrência de surtos de cólera e malária, em regiões específicas dos dois lados da fronteira, fez despertar o “alarme”, visando unir esforços, mediante estratégias comuns, que viabilizem o combate a estas enfermidades, incluindo o comércio de medicamentos não certificados.

O Memorando de Colaboração prevê a troca de informações regulares no que toca a ocorrência de surtos epidémicos em regiões limítrofes à fronteira comum; o desencadeamento de programas de educação para a saúde, através de campanhas de sensibilização nas regiões vizinhas, além de acções de maior controlo no domínio do comércio transfronteiriço. Chitalu Chilufya, ministro da Saúde da Zâmbia, foi enfático no seu discurso e lançou a meta de 2021 como o ano da irradicação da malária na Zâmbia. Para tal, acções de natureza transversal constam no programa do seu Governo, “as quais trarão benefícios directos à saúde pública”, disse o governante.

Chilufya realçou a importância dos investimentos em infraestruturas, nomeadamente as ligadas a captação, tratamento e distribuição de água potável e a melhoria do saneamento básico, “como factores vitais na promoção da saúde das populações. Para tal, disse, a Zâmbia afirma-se unida para vencer este desafio”, realçou o ministro. Por seu lado, Sílvia Lutukuta, ministra da Saúde de Angola, referiu a prevenção como o principal antídoto contra as doenças, tendo elogiado a experiencia zambiana, nomeadamente, no domínio do combate anti-larval e vectorial, exemplos que, de acordo com as palavra da ministra, deverão ser amplamente disseminados em regiões potencialmente endémicas de Angola.

Embora vivendo uma situação económica difícil, o Executivo Angolano tem no sector da Saúde um dos seus principais pilares, no âmbito da estratégia de elevação da qualidade de vida dos angolanos, disse Sílvia Lutukuta, para quem a fatia de 9,5% do OGE, atribuído ao sector da Saúde deve ser encarada como factor de mobilização e maior responsabilidade na busca de soluções para os problemas. A cerimonia de assinatura do Memorando de Colaboração foi antecedida de breves momentos de exposição do quadro epidemiológico ao nível dos dois países, tendo a cólera e a malária como os casos de estudo.

A pátria de Kaunda vive, desde Outubro do ano passado, um forte surto de cólera, com registos acima dos três mil e quinhentos casos, sobretudo, nas região de Lusaka e arredores, dos quais mais de setenta resultam em óbitos. Para fazer face ao drama, medidas drásticas foram tomadas, como o adiamento do início do ano lectivo, o encerramento dos mercados e a restrição da concentração de pessoas em lugares públicos. A estatística indica a ocorrência de uma media de 25 novos casos por dia. No entanto, as autoridades sanitárias angolanas asseguram que não é proveniente da Zâmbia o surto de cólera que afecta, sobretudo, a província do Uíge, Norte de Angola. O quadro apresentado por Izilda Neves, directora Nacional de Saúde Pública, refere-se ao deficiente saneamento básico, sobretudo o recurso a cacimbas, na busca do precioso liquido, como o principal factor de deflagração da doença em épocas de chuva.

A estadia da delegação angolana foi aproveitada para a realização de vistas ao Hospital Universitário – o maior da Zâmbia – e ao Centro Nacional de Logística de Medicamentos. A delegação constatou igualmente as acções de limpeza e saneamento do meio levadas a cabo no bairro do Canyama, em Lusaka, principal área afectada pela cólera. Sílvia Lutukuta teve a honra de proceder ao lançamento da segunda fase da campanha de vacinação contra o surto diarreico. A embaixadora de Angola na Zâmbia, Balbina Dias da Silva, testemunhou de perto todos os momentos que envolveram o programa de visita da delegação angolana a Lusaka.