Jaka Jamba: enterro de Savimbi violou a tradição africana

Jaka Jamba: enterro  de Savimbi violou a tradição africana

O historiador e político da UNITA fez esta afirmação durante uma palestra realizada ontem Sábado, em Luanda, em homenagem ao 16º aniversário da sua morte. “Na tradição africana os restos mortais devem ser entregues à família para celebrar o funeral no âmbito das nossas tradições”, afirmou, para quem o sepultamento do líder da UNITA não se enquadrou nos parâmetros dessa tradições.

Por: Norberto Sateco

Entretanto, o enterro condigno de Savimbi, que é exigido pela sua família, está a ser também questionado por militantes deste partido e não só, também por parte de familiares de pessoas que foram mortas supostamente a mando deste, enquanto ex-líder da guerrilha, durante a guerra de 27 anos. Eles argumentam que tanto Savimbi como os demais que morreram durante a guerra, embora algumas pessoas em circunstâncias muito estranhas merecem um enterro condigno.

É o que defendem as famílias dos malogrados dirigentes do “Galo Negro”, Wilson Fernando dos Santos, e Tito Chingunji, mortos em 1991 na Jamba, após a assinatura dos Acordos de Bicesse, em Portugal, entre o Governo e a UNITA. Estas duas antigas figuras terão sido mortas a mando de Jonas Savimbi, acusados de traição, cujas mortes azedaram as relações entre a UNITA e a Comunidade Internacional.

Os seus familiares exigem que as suas sepultaras sejam mostradas, os seus corpos exumados e transladados para as suas terras de origem, onde seriam sepultados à moda de cada família. O político Dinho Chingunji, um dos poucos sobreviventes desta família, é um dos que mais se bate por esta causa, cuja manifestação está patente na sua página na internet.

O membro da Comité Permanente da Comissão Política(CPCP), órgão decisório da UNITA, Manuel Savimbi, considera justa e legítima a reclamação feita por familiares, embora diga ter morrido num contexto diferente. Em reacção às declarações de Savihemba, Jaka Jamba disse que independentemente de certos erros terem sidos cometidos pela organização, isto não retira a dimensão da “Vida e Obra” de Jonas Savimbi, com realce para as suas contribuições no processo histórico de Angola e na instauração da democracia.