Televisão, Rádio e imoralidade

Televisão, Rádio e imoralidade

Os órgãos de comunicação social participam activamente na construção da filosofia de vida de um povo. Ignorar o poder de influenciar desses meios é de uma infantilidade tão grande, como é, utilizá-los, apenas a pensar nos níveis de audiência. Espanta-me que com tanta massa crítica no país, continuámos a dar voz e imagem a pessoas claramente vistas como péssimos exemplos para a juventude.

POR: José Otchinhelo

Refiro-me a pessoas (famosas ou não) dadas ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas ou outras drogas, pessoas que assumem a promiscuidade sexual como um modo de vida, pessoas com fortuna de origem duvidosa, pessoas (principalmente mulheres) que exibem a nudez como forma de atrair clientela, sejam elas cantoras, apresentadoras de televisão, manequins, etc. Durante muitos anos rádios, televisões, revistas e jornais têm dado muito tempo de antena e número de páginas respectivamente, a essas pessoas que pelo que dizem, mais do que pelo que fazem, corrói a moral social. Se por um lado, essas figuras, controversas ou não, trazem audiências, por outro lado, deixam pequenas sementes de falta de urbanidade, de falta de civismo e mesmo de compromisso para com o país, nas mentes das novas gerações. Mais grave ainda, é ver que alguns programas se tornaram verdadeiras praças de esquina, quer tenham ou não grandes audiências, quando os próprios apresentadores são a fonte da malidicência, da falta de educação, do desrespeito aos direitos da criança, da falta de responsabilidade social pelo que dizem ou inadvertidamente agendam debates sobre determinados fenómenos sociais que confundem ainda mais o público, reforçam a acção de uma má prática, ou seja, nunca chegam a lugar nenhum quanto ao valor pedagógico que o referido debate devia ter.

Aos gestores dos órgãos precisamos chamar atenção para as designações ou nomes de programas que entram na grelha. O que verificamos é que alguns, subjectivamente dão a entender que promovem ou roçam ao boato, à calúnia, à intriga, à promiscuidade, bebedeiras, libertinagem, etc. Cada um é livre de construir e aumentar a sua audiência, mas, precisamos de lembrar que todo o desvio de conduta que é promovido numa estação ou imprensa, afecta negativamente a sociedade. Onde pretendemos que nossos filhos tenham um desenvolvimento moral saudável, onde queremos mais harmonia, onde imploramos por uma paz social. Por isso, só um indouto acreditaria que nunca seria afectado, directa ou indirectamante, por alguém que age como o seu ídolo que dá entrevistas, mas, tem traços comportamentais que não recomendamos aos nossos filhos. Portanto, pela forma avessa como muitos cidadãos se comportam, independentemente da idade, se pratiquem crimes ou não, actuem publicamente ou provoquem apenas sofrimento às suas famílias, algumas vozes, em desespero, pensam que são sinais do Fim do Mundo, outras perguntam onde foi que erraram. Eu digo que já era tempo de começarmos a reflectir até que ponto não estamos a beber do veneno que alguns programas de rádio e de televisão espalham em nome da caça às audiências.