Mais um polícia mata o colega a tiro

O comandante da polícia nacional do Distrito do patriota é apontado como presumível autor dos disparos que vitimaram mortalmente um agente e deixou dois feridos. A polícia instaurou um inquérito para averiguar o móbil do crime

POR: Romão Brandão

Dois tiros na cabeça e quatro no peito levaram à morte imediata do agente Fernando António, de 43 anos, dentro do carro da divisão da polícia em que trabalhava. Os disparos, feitos supostamente por um comandante, deixaram também ferimentos graves nas pernas e barriga a outros dois colegas. Segundo o irmão da vítima, Salvador Simão, que falou para o Jornal OPAÍS, Fernando trabalha na Divisão do Talatona e, normalmente, quando larga tarde aproveita a boleia de um colega. Na Terça- feira, antes de sair com o colega, o comandante do distrito estava embriagado e pediu que o deixasse em casa.

“Saíram os quatro e, no Patriota, o comandante João Lourenço Neto pediu que fizessem uma paragem, pois precisava de urinar. Tão logo terminou de urinar, sacou da pistola, sem mais nem menos, e disparou contra os três que estavam na viatura”, conta Salvador. O entrevistado conta ainda que, depois de disparar contra os colegas, o comandante fez parar e tirou a viatura a uma cidadã que passava na rua, apontando-lhe a arma, para pôr-se em fuga, mas João Neto foi detido. Salvador aceitou falar ao nosso jornal porque suspeita que o processo esteja viciado, na medida em contém a informação de que o seu irmão foi morto durante uma perseguição de marginais. “Não é verdade. O comandante estava bêbado e disparou contra os colegas”, sublinhou o irmão de Fernando, que deixa 10 filhos, uma mulher, e está na Polícia desde 2008.

Polícia instaura inquérito

A informação foi avançada, ontem, pelo Director de Comunicação do Ministério do Interior, Mateus Rodrigues, que confirma a detenção do oficial superior, que na última Terça-feira, 13, por volta das 19h, disparou contra três de seus colegas, tendo tirado a vida a um deles e deixado ferido dois. Com a alegação de que o caso está sob investigação, Mateus Rodrigues não adiantou mais informação sobre o presumível autor dos crimes de homicídio voluntário e homicídio frustrado. “Foi aberto de imediato um inquérito policial para apurar as circunstâncias e os motivos dos crimes”, reforça. Estão igualmente instaurados um processo-crime e outro disciplinar, no sentido de garantir a responsabilização pelos referidos actos. O Ministério do Interior lamenta profundamente a morte do agente, condena veementemente o acto e informa, numa nota, que o presumível autor dos crimes encontra- se já sob detenção.

Terceiro caso de morte entre polícias

Entretanto, este é o terceiro caso de morte de um polícia cujo presumível autor é o próprio colega de profissão. Duas vítimas pertencem à polícia de ordem pública e um à polícia Militar. no balanço da semana passada, na polícia nacional da huíla, no lubango, houve o registo de um caso de homicídio praticado com recurso a uma arma de fogo, que vitimou o agente Adolfo da Silva Tchindongo Mucute, de 25 anos. Atingido na região abdominal por um disparo duma pistola Macarov, efectuado pelo colega, Edson rosando pedro da Cruz, de 26 anos, colocado na unidade operativa da huíla, Adolfo também morreu no local, mas ainda pairam dúvidas sobre o que terá motivado o homicídio.

Já no balanço da semana que corre, também na polícia na huíla, aparece o soldado Bernulher Capinãla de 44 anos, como presumível autor de um golpe desferido ao colega, que em vida se chamou Avelino Manuel Eduardo, de 39 anos, também soldados, os dois colocados no batalhão da região Militar Sul. o facto ocorreu no bairro da lalula, na última Sextafeira, quando a vítima encontrava- se na sua residência onde compareceu o autor e, por desentendimento, o mesmo desferiu um golpe na região peitoral do lado direito. Avelino não aguentou o ferimento, e por ter perdido muito sangue, acabou por morrer. o principal suspeito, Bernulher encontra-se detido numa das esquadras da cidade do lubango.