Operação Fizz na origem do cancelamento

Operação Fizz na origem do cancelamento

Angola desistiu de participar em cimeira empresarial em Lisboa e fonte do Governo angolano diz que não estão “virados” para Portugal enquanto o processo de Vicente não for enviado para o seu país.

O Governo angolano terá decidido não participar na cimeira empresarial luso-angolana, dia 27 de Março em Lisboa, tendo a imprensa portuguesa apontado como uma das causas a Operação Fizz, que investiga, em Portugal, o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente. Na edição de ontem do semanário Expresso, uma suposta fonte do Governo angolano estabelece relação directa entre a decisão do país não estar representado na cimeira bilateral com a investigação a Vicente: “Enquanto não for resolvido este caso [Manuel Vicente] com o envio do processo para Angola, não estaremos virados para aí”.

Angola tem reclamado que o processo que envolve o seu vice- presidente seja tratado pela Justiça angolana e não em Portugal. O encontro de empresários dos dois países estava a ser visto como uma tentativa de aliviar a tensão provocada pela investigação em que Manuel Vicente saiu acusado de corrupção activa e branqueamento de capitais, mas acabou cancelado na última semana por indisponibilidade dos empresários angolanos. Para esta cimeira bilateral chegou a estar prevista a presença dos presidentes dos dois países, Marcelo Rebelo de Sousa e João Lourenço.

Quando se soube que Angola tinha pedido o adiamento, na semana passada, a justificação adiantada foi a realização de um fórum na Costa do Marfim, o África CEO Forum, que impossibilitava o desdobramento das representações das empresas angolanas em dois eventos. Mas a fonte angolana aponta ao Expresso outro interesse angolano — que compete directamente com Portugal — que coincide com este evento, a recepção em Angola do primeiro-ministro espanhol. Essa fonte diz que o Governo angolano está “empenhado em priorizar a cooperação com Espanha que, “tendo tudo o que necessitamos, ainda tem vantagem de nos conceder apoios financeiros que não estão ao alcance de Portugal”.