Primeira-dama quer maior influência das mulheres nas comunidades

Primeira-dama quer maior influência das mulheres nas comunidades

Ministras, estudantes, deputadas e mulheres da sociedade civil estiveram ontem, Quinta-feira, 22, reunidas com a primeira-dama da República, num encontro destinado a abordar as problemáticas da saúde da mulher, da saúde mental, o empreendedorismo, a economia familiar e a solidariedade

POR: Rila Berta

Sob o lema “transforme vidas, seja mulher”, durante o “pequeno-almoço conferência”, Ana Dias Lourenço apelou às jovens mulheres participantes a transformarem- se em agentes de mudança, de comportamento e influência nas suas comunidades. Mostrou-se solidária com as mulheres vítimas de discriminação, da violência, de abusos físicos e psicológicos, e enalteceu o papel das mulheres na transformação das sociedades, e das mulheres que lutam por igualdade e justiça. “Sinto que posso contar com todos vocês, enquanto meus parceiros, para o sucesso desta missão que visa a construção de uma sociedade sã e defensora de princípios e de valores em que a ética, o respeito, a solidariedade e responsabilidade sejam a base da convivência”, desejou.

Para a primeira-dama da República, que discursava na abertura do evento, “não há ninguém mais capaz de educar, apoiar, sensibilizar e criar do que uma mulher”. Ana Dias Lourenço declarou-se preocupada com as crianças e jovens angolanos, por isso, garantiu dar o seu melhor para que os mesmos saibam a importância de fazer o bem. “Que saibam o que é ser um bom cidadão, um bom angolano”, asseverou. Apelou à união entre as mulheres. Recordou que somente unidas, as mulheres conseguirão transformar vidas e afirmar-se como agentes de mudança e influência nas comunidades.

As mil e uma facetas das mulheres

Mulheres representantes de diferentes áreas da sociedade aceitaram o convite da primeira-dama da República, para se reunirem na mesma sala, tomar um chá e falar daquilo que são os desafios a nível da educação sexual, financeira e mental, bem como dos problemas que cada uma enfrenta a nível profissional para se afirmar . Cláudia Silva, estudante do 5º ano de engenharia de construções e fortificações, no Instituto Superior Técnico Militar, foi uma das convidadas ao encontro. Disse não haver áreas de trabalho específicas para homens ou mulheres. Sobre o curso que estuda, justificou a sua escolha com base na curiosidade que desde pequena nutre em investigar e estudar sobre edificação de infra-estruturas. Para a jovem estudante, não foi difícil chegar ao 5º ano, apesar de frequentar a instituição académica militar conhecida pelo seu rigor académico.

“Lá no instituto não há mulheres nem homens”, revelou, embora hajam algumas excepções quando se trata de serviços de guarda para as mulheres. “Somos colocadas em sítios onde há mais pessoas por causa dos perigos que se pode ocorrer”. Mara Quiosa, actualmente a única mulher governadora no país, também participou no pequeno almoço. Para a governante, a mulher angolana reúne todos os requisitos para atingir os seus objectivos em qualquer sector, e na política não há excepções. “O importante é trabalharmos mais”, recomendou. Enalteceu a iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, de apostar mais nas mulheres, sobretudo ao nível ministerial, todavia reconhece que nos governos províncias há pouca representatividade feminina. Falou da particularidade que as mulheres possuem de fazer o trabalho com excelência, porque, justificou, são obrigadas a provar todos os dias que são capazes. Reconheceu a participação activa da mulher na política, mas defende que a sua acção se expanda em diferentes áreas, tais como no comércio e a saúde. Destacou ainda as mulheres que desempenham simultaneamente o papel de mãe e pai. “Temos de fazer tudo isto, atingir a excelência no trabalho, na vida pessoal e ainda o fazemos de salto alto”.

Sensibilizou os homens em relação a fuga à paternidade, sublinhando que nenhuma mulher faz um filho sozinha, por isso, ressaltou a necessidade dos homens assumirem a sua responsabilidade na criação e educação dos filhos. Valéria Branco, de 20 anos, participou em representação da Igreja Ministério de Fé e Libertação. Disse que a mulher religiosa tem desempenhado um papel preponderante na sociedade, pois têm realizado várias acções em termos de oração e aconselhamento. Defendeu mais entrega das mulheres em relação aos seus direitos e ao trabalho. Para a jovem estudante do 1º ano de gestão e marketing, há mais homens a ocuparem cargos de liderança na sociedade angolana porque falta união entre as mulheres. “Devemos ser mais unidas e ter mais autoestima. Confiar na nossa capacidade para desempenhar determinadas funções”, aconselhou. Rosa Joaquim, responsável pelo departamento de formação e informação do Ministério da Juventude e Desportos, reconheceu que o número de mulheres a ocupar cargos de liderança nas instituições diminuiu.

Sobre a presença feminina no desporto profissional, disse que há complexos por parte da jovem mulher em aderir aos clubes profissionais. Declarou que falta mais entrega por parte das mulheres ao desporto profissional, que têm preferência pelos ginásios. Carolina Cerqueira, ministra da Cultura, enfatizou que as políticas e estratégias direccionadas às mulheres na sociedade angolana estão bem definidas. Porém, considerou a necessidade de formas alternativas de financiamento à Cultura, além do que está previsto no Orçamento Geral do Estado, por parte de doadores e da sociedade civil. Afirmou que o empreendedorismo na juventude é importante, porque permitirá o impulsionar de iniciativas no domínio das artes como a música e o cinema. A ministra da Cultura considerou o encontro como produtivo, educativo e didáctico, e que permite despertar as capacidades e talentos das jovens. O encontro da primeira-dama da República com as mulheres foi animado pela cantora Yola Semedo. Juntou representantes de diferentes segmentos da sociedade e enquadrou-se nas festividades de Março, mês dedicado às mulheres.