Nós e o comércio livre

Nós e o comércio livre

A zona de comércio livre em que nos metemos, sendo ela boa e vital para o desenvolvimento de África, pode ser, também, um problema para nós, angolanos. Mas é um problema necessário e com o qual temos de aprender a viver. E a resolver.

POR: José Kaliengue

Para nós, Comércio Livre tem de significar Nova Atitude. Honestamente falando, a nossa economia não é competitiva. A nossa inteligência não cria produtos, não os trabalha, não os melhora. Não conheço suficientemente bem o continente, mas não creio que esteja todo ele à nossa imagem. Aqui não produzimos nem agulhas. Nem sapatos. As nossas marcas são fracas. A nossa indústria, mesmo a pequena, é quase inexistente. Não creio que todo o continente esteja assim. Não precisamos de falar da organização das nossas empresas, aliás, quais empresas quando os bancos simplesmente lhes fecham as portas? Bem, temos uma saída, se não quisermos mudar as coisas trabalhando: abrimos as portas à pequena e media indústria de Portugal, do Brasil e da Espanha (se eles se quiserem deslocalizar ou expandir) e fingimos que exportamos alguma coisa “nossa”. Ou, podemos ir enchendo os templos a rezar para que o petróleo se mantenha em alta, entre dinheiro, e fingimos que exportamos milhões e que somos bons consumidores do que os outros produzem.