Mais de mil novas espécies descobertas na bacia do Okavango

Mais de mil novas espécies descobertas na bacia do Okavango

Com a descoberta, ambientalistas apelam para a implementação das estratégias nacionais de conservação das espécies de animais e plantas existentes na bacia hidrográfica do Okavango, cuja superfície é de 323 192 km2, compartilhada por Angola, Namíbia e Botswana

POR: Domingos Bento

Dentre as novas espécies descobertas na bacia hidrográfica do Okavango constam 407 aves, 92 peixes, 99 répteis, 14 espécies de plantas e ainda quantidades consideráveis de mamíferos, répteis e anfíbios. O projecto em que foram descoberta estas espécies faz parte de uma expedição de iniciativa da National Geografiphic, encabeçada por um grupo de 34 especialistas em biodiversidades, com a duração de três anos. Adjany Costa, directora do projecto da National Geographic da Vida Selvagem do Okavango para Angola, disse que, para além das espécies, fez-se ainda a descoberta de cerca de 16 lagoas de nascentes. Segundo a bióloga, estes dados são apenas preliminares, porque a expedição pela bacia do Okavango, que liga três países da África Austral (Angola, Namíbia e Botswana), continua e poderá, nos próximos tempos, trazer novos resultados da vida selvagem ao longo daquela bacia que tem uma superfície hidrologicamente activa de 323.192 km2.

Adjany Costa, que falava à margem do workshop de apresentação das conclusões preliminares das expedições científicas realizadas em Angola, afirmou que o projecto compreende três fases, sendo a primeira a de exploração científica e geográfica, de que se obteve diferentes dados relativos às nascentes, comunidades e as espécies existentes ao longo da bacia do Okavango. Já na segunda fase, fez-se o processo de engajamento das comunidades com a aprendizagem da tradição e o melhor enquadramento do uso dos recursos naturais. No entanto, a terceira fase consiste na aplicação dos dados recolhidos ao longo dos três anos de expedição para enriquecer e facilitar os diferentes planos de estratégias já existentes no país.

De acordo com Adjany Costa, com os resultados preliminares sobre a expedição pretende-se engajar as entidades com as quais se pode discutir e apoiar com dados científicos e técnicos para um melhor planeamento das estratégias nacionais de conservação da bacia. A directora do projecto da National Geographic da Vida Selvagem do Okavango para Angola explica ainda que a iniciativa trabalha em estreita colaboração com os três países banhados pelo rio Okavango de forma a abordar os alvos fundamentais do Plano de Acção Nacional para a gestão sustentável da bacia. “Importa frisar que durante a expedição interagimos com mais de 4 mil pessoas de 36 comunidades, e aproveitámos a fazer uma avaliação das condições de educação, saúde, interação com os recursos naturais, bem como aprender como é que estas comunidades interagem com os diferentes grupos de biodiversidades”, explicou.

Traçar as estratégias de conservação

Por seu lado, Nascimento António, director nacional da Biodiversidade, fez saber que os resultados da expedição, embora sejam preliminares, agradam ao Governo, em particular ao Ministério do Ambiente. Porém, diante dos dados, o responsável avançou que agora há trabalho na extensão e no fortalecimento das politicas de protecção e de conservação já existentes, para que estas novas espécies estejam protegidas. Dentro das políticas do Governo já em curso, Nascimento António apontou a estratégia nacional de combate à caça furtiva, a identificação de novas áreas de conservação e a identificação de zonas húmidas de importância internacional. “A informação agora disponibilizada será pertinente para nos permitir identificar e de terminar os passos a dar para a conservação destas áreas no quadro da sustentabilidade”, concluiu.