México rejeita ‘atitudes ameaçadoras’ e ‘falta de respeito’ dos EUA

México rejeita ‘atitudes ameaçadoras’ e ‘falta de respeito’ dos EUA

As ameaças e faltas de respeito nunca serão justificáveis na relação com os Estados Unidos, afirmou esta Quinta-feira (5) o presidente do México, Enrique Peña Nieto, em resposta a uma nova escalada de tensões sobre migração e segurança fronteiriça com a administração de Donald Trump.

“Trata-se de uma relação intensa e dinâmica (com os Estados Unidos), que naturalmente também nos apresenta desafios. Mas esses desafios nunca justificarão atitudes ameaçadoras e faltas de respeito entre os nossos países”, considerou Peña Nieto em mensagem de vídeo divulgada nas redes sociais. Na mensagem, Peña Nieto também exortou a Trump que não lançasse aos mexicanos a sua frustração por assuntos relativos à política interna americana. “Se as suas recentes declarações derivam de uma frustração por assuntos de política interna, das suas leis, ou do seu Congresso, dirija-se a eles, não aos mexicanos.

Não vamos permitir que a retórica negativa defina as nossas acções”, acrescentou. Trump anunciou, esta Quintafeira, que enviará entre 2 mil e 4 mil integrantes da Guarda Nacional à fronteira com o México para travar a entrada de imigrantes ilegais, após uma escalda de mensagens furiosas nas quais acusa o país latino-americano de não tomar medidas para travar o fluxo de pessoas. Além disso, ameaçou retirar o país do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), um acordo criticado por Trump, mas que é fundamental para a economia mexicana.

“Propaganda” de Trump

Os mais recentes ataques de Trump derivaram de notícias de que uma caravana de emigrantes centro-americanos, conhecida como “Via-crúcis Migratória”, viajava pelo México com destino à fronteira entre os dois países. A caravana, integrada por pouco mais de 1.000 hondurenhos, salvadorenhos e nicaraguenses, começou a dispersar-se esta Quinta, após os seus organizadores terem abandonado o seu objectivo de chegar à fronteira e que culminariam o seu protesto com uma manifestação na capital mexicana.

A tensão também ocorre em razão da delicada renegociação do Nafta, acordo vigente desde 1994 e integrado também pelo Canadá, o qual Trump descreveu essa semana como “a galinha dos ovos de ouro” do México. “Estamos convencidos de que, entrando em acordo, como amigos, sócios e bons vizinhos, estaremos muito melhor do que estado em confronto. Estamos prontos para negociar, mas sempre partindo da base do respeito mútuo”, enfatizou Peña Nieto. As mensagens de Trump coincidiram também com o início da campanha para as eleições de Julho, em que o México escolherá um novo presidente e legisladores.

O candidato que lidera as pesquisas, Andrés Manuel López Obrador, declarou esta Quinta-feira, que Trump usa a campanha contra o México como “propaganda”, pensando numa possível reeleição em 2020. “Tudo isso leva a pensar que ou está mal informado (…) ou está a usar toda essa campanha para se posicionar politicamente nos Estados Unidos, ou seja, é pura propaganda”, desmascarou López Obrador.