Manifestação contra administrador arrasta 500 cidadãos às ruas do Cazenga

Manifestação contra administrador arrasta 500 cidadãos às ruas do Cazenga

Durante horas, o trânsito na principal via do município do Cazenga, na conhecida Rua dos Comandos, esteve bloqueado. Mais de 500 pessoas saíram à rua, ontem, para manifestar-se contra a administração de Tany Narciso, pedindo a sua destituição

Texto de: Domingos Bento

A manifestação partiu do Tanque do Cazenga à Administração Municipal, local onde, de Segunda a Sexta, Tany Narciso procura trabalhar no sentido de arranjar as melhores soluções para aquele que já foi o município mais populoso de Luanda, Cazenga, que agora perde com Viana.

A acção inviabilizou a circulação automóvel e de peões durante largas horas na Rua dos Comandos, o principal troço do município. Segundo os manifestantes, desde que está no comando do município, há mais de dez anos, Victor Nataniel Narciso “Tany Narciso” não tem feito nada para a melhoria das condições de vida dos munícipes. Por este motivo, a zona continua a enfrentar sérios problemas no que toca ao saneamento básico, segurança pública, Saúde e Educação.

No capítulo da Educação, por exemplo, grande parte das infra-estruturas de ensino encontram-se em condições precárias, como é o caso da Escola Angola e Cuba, localizada na 7ª Avenida, que está encerrada devido ao péssimo estado de degradação. Nas mesmas condições encontram-se as escolas 7024, Ana Paula, Escola da Padaria e tantos outros estabelecimentos de ensino que deveriam contribuir na absorção de mais estudantes.

Já no sistema de Saúde, as queixas estão relacionadas ao Hospital Municipal, localizado no bairro Kalawenda, onde os munícipes estão permanentemente a reclamar contra o mau atendimento, falta de medicamentos e outras condições precárias que têm contribuído para o aumento das taxas de mortalidade.

As queixas estendem-se ao Hospital dos Cajueiros e aos restantes centros de Saúde que não oferecem as mínimas condições para a melhoria e recuperação da saúde dos pacientes que lá acorrem. A criminalidade tem vindo a aumentar, segundo os manifestantes, dia pós dia, e não há sinais de combate.

Exemplo disso é que crescem os números de homicídios, assassinatos, roubos, violações, entre outras situações delituosas que põem em risco a vida dos munícipes. De acordo com Viriato da Cruz, coordenador da manifestação, foi a pensar em todos esses problemas sociais que o grupo saiu às ruas para exigir a retirada de Nataniel Narciso da administração do Cazenga.

No entender do manifestante, Tany Narciso anda mais preocupado em “facturar” as verbas arrecadas nos mercados e feiras e pouco se importa em criar melhores condições para os Cazenguistas. Grande parte das vias do município encontram-se abarrotadas de resíduos, acabando por colocar em perigo a saúde dos munícipes que são constantemente assolados pela malária. “As vias de acesso estão em péssimas condições.

Dentre elas destacam-se as estrada da BCA, Rua das Condutas, 7ª Avenida e a do Hoji Ya Henda”, disse. Tany Narciso é visto por aqueles munícipes mais como um autêntico negociante do que propriamente como administrador. Por isso, as manifestações vão continuar, até que ele seja retirado do município e deixe o lugar para quem tem vontade de trabalhar com e para o povo, segundo Carlos Lupini, outro munícipe.

“Não queremos mais esse administrador. Queremos governantes que sintam e vivam os nossos problemas. E enquanto ele não for retirado, vamos sair às ruas todos os meses para forçar, a quem de direito, a tirá-lo daqui”, sublinhou. Houve uma ‘contra manifestação’, que teve início por volta das 9horas, em que um grupo de kuduristas afectos a um sector de apoio ao administrador, deu a cara para tentar desviar as atenções e os objectivos dos primeiros manifestantes.

A  ideia fracassou e prontamente os munícipes pediram a retirada do grupo. No perímetro junto a conhecida Zona do Embondeiro registouse um pequeno incidente, entre a polícia e os manifestantes, que tentavam impedir o percurso da marcha. A situação gerou um tumulto e desentendimento entre as partes, sem contudo ter havido detenções nem situações mais graves. Os manifestantes continuaram até à Administração do Cazenga, onde permaneceram por muito tempo.

‘Não vou abandonar nada’
O jornal OPAÍS tentou contacto, via telefone, com o administrador Tany Narciso, mas sem sucesso. Entretanto, em entrevista ao jornal da tarde da TV ZIMBO, o dirigente disse que não vai abandonar nada, porque “aquilo que faço por convicção e com toda entrega, não abandono”, defende.

O administrador acrescentou ainda que os munícipes têm toda a liberdade de o fazer, desde que cumpram todos os requisitos, que “eles sabem quais são”.

Tany Narciso confi rmou que os seus munícipes reclamam essencialmente os problemas de Saúde, que dizem “que temos no Cazenga a pior assistência da cidade de Luanda ; falaram sobre a questão da iluminação pública ; a segurança do município e a questão do número de estrangeiros que vivem no nosso município”, disse.