Angola e Zâmbia agora mais unidos

Angola e Zâmbia agora mais unidos

Em pouco mais de dia e meio, tempo que durou a visita do Chefe de Estado Angolano à Zâmbia, João Lourenço (Angola) e Edgar Lungu (Zâmbia) deram substância real ao sonho de milhões de cidadãos

POR: Alexandre Tchilumbu,
em Lusaka

Quando a aeronave que transportava o Presidente Lourenço e sua delegação aterrou no aeroporto internacional Kenneth Kaunda, em Lusaka, liase na expressão do cidadão local e de outros tantos angolanos que escolheram a pátria de Kaunda para viver que era chegada a hora e vez da efectivação de uma profecia estabelecida há anos. Embora ligados por fronteira comum, entre Angola e Zâmbia, na verdade, o que existe é uma vizinhança carecendo de reanimação. Restam as lembranças de uma história que conta com o apoio dos irmãos ao nosso lado na luta contra a opressão colonial, momento em que, como reconheceu o Presidente Angolano João Lourenço, “os zambianos foram profundamente úteis, não só a Angola, mas a todos os demais países da região Austral”. De lá pra cá, quase mais nada. Os anos atípicos do pós-Independência, particularmente, em relação à Angola, que teve de lidar com anos de conflito armado, acirraram ainda mais a distância.

Ligação por via aérea

Exceptuando os dois voos semanais da TAAG, ligando Lusaka e Luanda, de contactos e outras formas de aproximação, o que existe é quase nada mais. As ligações por terra são impraticáveis e fazê-lo implica expor- se a sacrifícios de viagens em vias degradadas ou a travessias em jangadas improvisadas, para vencer as extensões fluviais que constituem os afluentes dos rios Zambeze e Cubango.

Relançamento de bases

Portanto, sentia-se que o propósito maior da visita do estadista angolano à Zâmbia era o de relançar as bases para uma efectiva cooperação económica, política e diplomática. E não foi por acaso que a questão da supressão de vistos em passaportes ordinários, de serviço e diplomáticos tenha sido, em boa verdade, o “pico” de todas as emoções. Não sendo novo de todo, o facto é que este é o assunto central na agenda política entre os dois Estados, a tal ponto que, confrontado com o facto durante o encontro que João Lourenço manteve com a comunidade angolana residente na Zâmbia, o estadista preferiu não responder a preocupação. “Prefiro não responder a quente” – disse o Presidente. “Mas, acreditem, vamos nos preocupar”. A plateia percebeu que João Lourenço não quis ser evasivo, mas, já deixando levados em promessas vãs, porém, a urgência do contexto, foi incapaz de evitar o leve franzir de rostos por parte daqueles que esperam e se desesperam. Passo a passo, como sublinhou o Presidente angolano, o que os dois governos concordaram foi investir na edificação de infra-estruturas que viabilizem a ligação ao longo da fronteira comum.

Investimentos

Dinamizar o investimento nos dois sentidos e cooperar em fóruns bilaterais e multilaterais, visando valorizar os tradicionais e familiares laços entre os dois povos, em esferas sensíveis como a paz regional, o combate ao terrorismo, a promoção da saúde pública, agricultura, turismo, defesa, segurança e ordem pública. Edgar Lungu, Presidente zambiano, foi enfático na abordagem económica e o seu foco alinhou-se à dinamização de iniciativas comuns, bem como na estreita colaboração e parceria entre empresários dos dois países.

Lungu estendeu um particular convite para que Angola participe na 4.º Feira Internacional de Comércio da Zâmbia, prevista para Ndola, Zâmbia, de 27 de Junho a 3 de Julho de 2018. A Zâmbia convidou, igualmente, Angola a fazer-se presente no 18.º Fórum Anual de Exportação e Desenvolvimento, a ter lugar em Lusaka, Zâmbia, de 5 a 6 de Setembro de 2018. Os dois líderes concordaram em explorar a cooperação nos dois sub-sectores do petróleo e gás, incluindo a construção de um oleoduto de Angola para a Zâmbia, a julgar pela experiência que Angola possui neste sector e um mercado prontamente disponível na Zâmbia.