Autárquicas na Tunísia marcadas por forte abstenção

Autárquicas na Tunísia marcadas por forte abstenção

Os tunisianos abstiveram-se amplamente, neste Domingo, na primeira votação local livre, há muito esperada para fortalecer a democracia no único país que sobreviveu à chamada “Primavera Árabe”.

Os centros de votação abriram às 8h00 e encerraram as atividades às 18h00 locais. A taxa de participação alcançou 33,7%, segundo o órgão encarregue das eleições (Isie), um revés para a classe política. Segundo o Isie, 1.797.154 tunisianos votaram, de um total de 5,3 milhões de eleitores inscritos num país de 11,4 milhões de habitantes.

“O mais importante para nós é que as eleições municipais foram celebradas, é um momento histórico para a Tunísia”, declarou à AFP Mohamed Tlili Mansri, presidente do Isie. “Faremos melhor na próxima”, disse Mansri em relação à abstenção. O primeiro-ministro Youssef Chahed mencionou a alta abstenção

e disse que era “um sinal negativo, uma mensagem forte (…) para os políticos”. Pesquisas apontam o partido islâmico Ennahdha ligeramente à frente (25%) do partido presidencial Nidaa Tounès (22%), ambos distantes de formações menores.

Os observadores esperavam uma grande abstenção, uma vez que, sete anos após a revolução, muitos tunisinos se dizem desmotivados diante da inflação, do desemprego persistente e dos acordos entre partidos que têm dificultado o debate democrático. No início do ano, a Tunísia foi afectada por um movimento de protesto impulsionado pela entrada em vigor de um orçamento de austeridade. Adiada quatro vezes, esta eleição diz respeito a 350 municípios e envolveu 57 mil candidatos. “Nunca houve eleições municipais livres e competitivas”, recorda Michael Ayari, pesquisador do International Crisis Group (ICG). As eleições municipais anteriores foram realizadas sob o regime de um único partido.