Sarna na Barra do Cuanza preocupa enfermeiros

Sarna na Barra do Cuanza preocupa enfermeiros

Numa altura em que o Governo já disponibilizou apoio para contrariar o surto dessa epidemia registado nas províncias do Moxico, Huíla e Lunda-Sul, na capital aparecem os primeiros casos

POR: Alberto Bambi

A doença está a afectar os moradores da comuna da Barra do Cuanza, município de Belas, em Luanda, que procuram socorro no hospital local, onde, por falta de medicamentos apropriados, se limitam a recomendar-lhes medidas cautelares. “Quando nós pensávamos que era uma doença já desaparecida em Luanda, aqui nós encontrámos pessoas afectadas com sarna e outras doenças da pele”, revelou o enfermeiro Noé Alexandre, tendo adiantado que os casos acontecem desde o final de 2017. As últimas ocorrências foram registadas ao longo da semana passada, em que a equipa integrada por Maria Luzia, Madalena Massissa e Noé Alexandre atendeu alguns pacientes com sinais de evolução preocupante.

O técnico de saúde menciona a má alimentação e os cuidados com a água, aliados à sua utilização ou consumo como as principais causas do surgimento desta epidemia. O banho constante com água salobre agrava cada vez mais o quadro de saúde dessa população, de acordo com os especialistas, que também veem o ritmo de vida da população a facilitar as possibilidades de contágio. “Pessoalmente, foi-me difícil acreditar que a Barra do Cuanza, sendo uma zona habitada já há tempo considerável, as pessoas ainda bebem água acastanhada ou esverdeada”, desabafou Noé Alexandre, destacado na referida comuna desde Setembro do ano passado.

Referindo-se detalhadamente sobre como os hábitos e costumes dos habitantes da comuna podem influenciar na expansão da doença, os enfermeiros alegaram haver situações muito delicadas, como é o caso da partilha de vestuário e outros utensílios, que se deve abordar com muito cuidado para não lesar moralmente a população. “Mas, por se tratar mesmo de uma doença contagiosa, houve necessidade de traçar outras medidas que nos obrigaram a optar já com o engajamento colectivo, no sentido de manter as sessões de educação sanitária da comunidade e desincentivar o uso de práticas corriqueiras para o tratamento da doença”, sentenciou o enfermeiro. O entrevistado informou que a direcção do hospital local já notificou a Administração Comunal para tratar da distribuição de água potável para a população, de modo a evitarem-se tais situações.

“Há distribuição de água”

O administrador da comuna da Barra do Cuanza, Tomás Mwanza, não refutou a existência de casos de sarna na localidade que dirige, mas assegurou que a vila já beneficia de abastecimento do líquido precioso. “Aqui já há distribuição de água potável, porque, há pouco tempo, foi-nos concedido um tractor para facilitar a entrega faseada aos moradores”, garantiu Tomás Mwanza, embora tenha reconhecido, em seguida, que a alternativa ainda não consegue atender a procura. O administrador fez saber que água para o consumo é uma das prioridades que a sua equipa leva sempre às reuniões municipais, a ver-se o projecto de ligações de rede de Cabo Lombo, Ramiro e Barra do Cuanza venha resolver, de uma vez por todas, a referida carência.