Confirmada vitória do AMP nas eleições em Timor-Leste

Confirmada  vitória  do AMP nas eleições  em Timor-Leste

O processo de apuramento dos votos nas legislativas antecipadas de sábado confirmou o escrutínio municipal que deu a maioria absoluta à Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), que vai controlar 34 dos 65 lugares no Parlamento Nacional. Os dados finais foram confirmados depois de três dias de verificação na sede da Comissão Nacional de Eleições (CNE), em que foram resolvidos os 598 votos reclamados e confirmadas as atas de apuramento.

Segundo os dados finais, que têm agora de ser certificados pelo Tribunal de Recurso, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições com 309.663 votos, ou 49,6% do total, o que representa uma maioria absoluta de 34 assentos no parlamento de 65 lugares.

Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que lidera a coligação minoritária do actual Governo, e que obteve 213.324 votos (34,2% do total), mantendo o mesmo número de deputados, 23.

No Parlamento estará ainda o Partido Democrático (PD) – parceiro da Fretilin no VII Governo -, que perde dois deputados, para cinco, tendo obtido 50.370 votos ou 8,1% do total.

Pela primeira vez no parlamento estará a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) – uma coligação de quatro pequenos partidos – que terá três lugares e que obteve 34.301 votos ou 5,5% do total.

Os dados confirmam que votaram 635.116 eleitores (de um universo de 784.286 recenseados), o que representa uma taxa de participação de 80,98%, tendo votado mais 51.160 que em 2017.

Registaram-se 7.547 votos nulos, 2.995 votos brancos, 20 rejeitados e 29 abandonados.

Nenhuma das outras quatro forças políticas conseguiu chegar à barreira dos 4% de votos válidos que é necessária para conseguir eleger deputados.

De entre elas, o Partido Esperança da Pátria (PEP) foi o mais votado, com 5.060 votos ou (0,8%).

Os dados confirmam, no essencial, os valores do escrutínio a nível municipal, que foi da responsabilidade do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), tendo na prática sido resolvidos cerca de 600 votos reclamados e algumas discrepâncias ligeiras nas atas.

Desde terça-feira, funcionários da CNE, fiscais partidários, observadores nacionais e internacionais têm acompanhado, a par e passo, cada momento do processo de apuramento e verificação nacional dos resultados.

As atas são confirmadas, é confirmado o número de votos reclamados – e posteriormente resolvidos – e registada a distribuição final de resultados que varia, face aos números do STAE, quase sempre apenas pela distribuição de votos reclamados.

O caso mais bicudo, que demorou mais tempo a resolver, foi também o que testou ao máximo o sistema de escrutínio e confirmou a transparência de todo o processo.

Tratou-se de uma pequena diferença em duas mesas de votação da pequena aldeia de Opa, no município de Bobonaro, que obrigou a que fosse feito um pedido ao Tribunal de Recurso para a reabertura das urnas e recontagem dos votos.

A urna foi aberta na presença de dezenas de funcionários eleitorais, fiscais partidários e jornalistas e os votos foram verificados. Depois de alguma discussão, com confusão sobre números, finalmente o voto ‘perdido’ foi encontrado: e dado ao PD.

Em termos gerais e durante este processo foram resolvidos 598 votos reclamados com a sua distribuição a ser idêntica à do escrutínio em geral: a maioria foram para a AMP e Fretilin.

Os dados finais mostram que os votos se polarizam, com as duas maiores forças políticas a terem 83,74% dos votos, acima dos 76,13% do ano passado.

Os dados mostram que os três partidos que integram a AMP conseguiram aumentar, em conjunto, a sua vantagem sobre a Fretilin, de cerca de 95.510 em 2017 para 96.339 este ano.

Globalmente, a AMP viu aumentado o seu apoio total em 45.673 votos, enquanto a Fretilin viu crescer o seu apoio eleitoral em 44.844 votos.

Os piores resultados foram dos partidos que integram a coligação MSD, que perderam 10.485 votos, da FDD, que perdeu 5.536 e do PD que perdeu 5238.

A AMP venceu na maioria dos municípios, em concreto Aileu, Ainaro, Bobonaro, Covalima, Dili, Ermera, Liquiçá, Manatuto, Manufahi e ainda na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e no centro instalado na Coreia do Sul.

A Fretilin, por seu lado, venceu em todos os municípios do leste do país, Baucau, Lautem e Viqueque e ainda na Austrália, Portugal e Reino Unido.

No ano passado, os partidos que compõem a AMP venceram – se os votos fossem contabilizados em conjunto – em todos os municípios menos em Lautem e Viqueque e na diáspora.

O processo de confirmação dos resultados termina com a certificação dos dados finais pelo Tribunal de Recurso, o que deve ocorre durante o fim-de-semana.