“tyipinge fora, tyipinge amigo, o povo não te quer”, gritaram alguns huilanos descontentes

“tyipinge fora, tyipinge amigo, o povo não te quer”, gritaram alguns huilanos descontentes

Imagens da manifestação no Lubango, ontem, sugerem participação baixa para a segunda província mais populosa do país. Organização fala em 200 pessoas, a Polícia diz que falar em 80 já é esticar muito

Texto de: João Katumbila, na Huíla

Empunhando cartazes com vários dizeres, entre os quais, “A cidade jardim virou capim, Tyipinge fora, os manifestantes gritavam palavras de ordem, enumerando as dificuldades por que passa a provincial da Huíla.A marcha começou às 13 horas. Entre os vários obstáculos, soavam em bom-tom a falta de energia eléctrica, nepotismo na governação, falta de medicamentos nos hospitais da província, ausência de escolas, bem como, os maus tratos a que têm sido submetidos os jovens que exercem a actividade de moto-taxista.

Um dos participantes na manifestação disse a OPAÍS, que a marcha visava exigir qualidade de vida aos huilanos diferente da actual, com a governação de João Marcelino Tyipinge.

Jota Jota, explicou que, no tempo que a província da Huíla está a ser governada pelo também primeiro secretário do MPLA, os municípios, com destaque para a acidade do Lubango, têm registado um enorme retrocesso em todos os sectores. “Somos apologistas dessa manifestação porque nós estamos a ver que uma das cidades mais lindas de Angola foi-se degradando aos poucos. Lixo, buracos nas estradas, falha da distribuição de energia e água, falta de medicamentos, nepotismo na governação e muito mais” disse.

A falta de segurança em alguns bairros da cidade, bem como a falta de material gastável no Hospital Central do Lubango, foram apontados pelos manifestantes, como o insucesso do mandato do governador, João Marcelino Tyipinge.

Manifestantes exigem retorno dos mais de 2 mil milhões desviados da educação

Os manifestantes que, em uma hora percorreram algumas ruas da cidade do Lubango, na província da Huíla, exigindo a saída do governador provincial, querem que se responsabilize os autores dos desvios de mais de 2 mil milhões de kwanzas no sector da Educação.

Por outro lado, os descontentes pediam aos dirigentes da província que respeitem mais os professores, pelas condições agrestes a que estão entregues no exercício das suas funções. “Não se respeita os professores roubando o seu dinheiro, queremos que devolvam os dinheiros dos professores! Queremos que respeitem mais os nossos professores” gritavam.

Solicitada intervenção do PR

Face ao descontentamento que se levanta nos últimos tempos com a governação na província da Huíla, os jovens que neste Sábado saíram as ruas para exigir alguns dos seus direitos acreditam que os problemas só poderão ter solução com a intervenção do Presidente da República.

Os jovens acreditam que os problemas que afligem a província, poderão ser ultrapassados com a exoneração do governador provincal, João Marcelino Tyipinge, tal como disse Gabriela Nunes.

“A nossa província está muito mal em todos os sectores, por isso estou aqui para manifestar a minha insatisfação, porque isso tem que mudar, o MPLA criou um lema: corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, não se está a corrigir o que está mal, muitos menos melhorar o que está bem! Então, ou o Tyipinge sai e entra uma governação melhor para mudar a Huíla, ou nós vamos continuar a manifestar, porque se o cabeça sair os outros vão seguir, nós queremos um governador que cuide da nossa província e do povo” revelou.

Entretanto, o organizador da manifestação disse que acções do género só pararão quando os problemas invocados forem solucionados pelos governantes. Manuel Andrade, revelou que caso o governo de João Marcelino Tyipinge queira, os jovens da província da Huíla estão abertos para dar o seu contributo no que for possível na melhoria da qualidade de vida dos provincianos.

Na ocasião, o jovem agradeceu ainda a postura da Polícia Nacional “Está é a primeira vez que acção de género acontece na nossa província, porque o Governo do MPLA durante muito tempo nos acostumou que não deve ser criticado, e toda aquela pessoa que o afronta tende a sofrer represálias. Nós vamos continuar a nos manifestar até que estes problemas sejam resolvidos” assegurou.

Polícia nacional seguiu, mas quase não teve trabalho

O comandante municipal da Policia Nacional no Lubango elogiou o comportamento dos manifestantes, tendo em conta a maneira como decorreu o acto que juntou na cidade do Lubango cerca de cinco centenas de pessoas. Falando à Rádio Mais/Huíla e ao Jornal OPAÍS, o superintendente Paulo George explicou que a mesma ocorreu na normalidade, por isso não se registou qualquer incidente.

“A avaliação que se pode fazer é positiva, julgamos que, no âmbito das atribuições de garantir a segurança pública como um direito do cidadãos, a Polícia Nacional cumpriu o seu papel. Garantiu a segurança aos manifestantes do ponto de partida até ao largo da Universidade Mandume” disse.

O comandante municipal, fez saber que durante a realização da marcha não houve qualquer desacato por parte dos manifestantes. “Não temos nenhum registo de qualquer desacato, porque antes dos manifestantes começarem a marchar nós fomos chamando a atenção e eles cumpriram” explicou.