Elinga celebra 30º aniversário com Festival Internacional de Teatro e Artes

Elinga celebra 30º aniversário com Festival Internacional de Teatro e Artes

O evento decorre de 21 de Maio a 10 de Junho, no espaço Elinga Teatro e na Casa das Artes em Talatona, contando, além da participação de grupos nacionais, com companhias e monólogos provenientes do Brasil, Portugal, Argentina, Cabo Verde e Moçambique

POR: Antónia Gonçalo

Em celebração do seu 30º aniversário assinalado Segunda- feira, 21, o grupo Elinga Teatro realiza a IV edição do “Festival Internacional de Teatro e Artes de Luanda”, que decorre de 21 de Maio a 10 de Junho, no espaço Elinga Teatro e na Casa das Artes, em Talatona. O evento que teve início Segunda- feira, 21, com a exibição da peça “Palco em chamas” (‘Podium a moko’), do referido grupo e um momento musical, conta com a participação dos grupos teatrais Pitabel, Grutij, Kulonga e Oásis. Os referidos grupos exibirão as peças “Tala Mungongo”, “O preço do fato”, “O meu diário”, “Os livros devem ser queimados”, “Rainhas sem coroa” e “A viúva”, respectivamente. A participação internacional no evento está a cargo dos grupos (monólogos) Vinicius Piedade, Caixa Preta de Teatro, Teatro Lage, Grupo Rugas / Dilage Produções, provenientes do Brasil e Portugal.

Os mesmos exibirão as peças “Cárcere”, “A orfã do rei”, “O príncipe feliz”, “O armário e a cama”, este último do dramaturgo José Mena Abrantes. Estarão ainda no festival os grupos SM, Grupo do Centro Cultural do Mindelo, KS, designadamente da Argentina, Cabo Verde e Moçambique, que exibirão as peças “De banfield ao México”, “Palavras de Jó” e “Nos tempos de Gungunhana”. A OPAÍS, o director do Elinga Teatro, José Mena Abrantes, revelou que o festival será realizado em duas fases, sendo que a primeira decorrerá de 21 a 29 do corrente e a segunda de 2 a 10 de Junho. “Conseguimos poucos apoios, mas suficientes para trazer as pessoas que pretendíamos convidar.

Queríamos que estivessem todos ao mesmo tempo, infelizmente não foi possível, razão pela qual realizaremos o festival em duas partes”, referiu. O responsável realçou o facto de as condições actuais, em termos de apoios, não serem as mesmas, e apesar de não possuírem meios para realizar grandes festivais, depois de 10 anos, realizam a IV edição do festival, de modos a trazer ao país o teatro que se faz no exterior. Além da exibição de peças teatrais, no Elinga decorre uma exposição composta por mais de 60 quadros de desenhos, de José Mena Abrantes. Estarão ainda expostas a partir de 26 do corrente, obras de vários artistas plásticos angolanos, da colecção de Nuno Pimentel.

30 Anos do Elinga

Durante 30 anos, o Grupo Elinga Teatro colocou em cena 51 peças, como “A revolta da casa dos ídolos”, “Os velhos não devem namorar”, “A história da carochinha”, “Há vagas para moças de fino trato”, “A última viagem do príncipe perfeito”, “ O moribundo que não queria morrer”, “Tari-Yari”, “Foi assim que tudo aconteceu”, “As bondosas”, “O cego e o paralítico” e “A errância de Caim”. José Mena Abrantes referiu como momentos marcantes do grupo, uma distinção no Prémio Nacional de Cultura e Artes, na disciplina de teatro, em 2014, com a peça “O moribundo que não queria morrer”, assim como a estreia, na Itália, em 1988, com a peça “A revolta da casa dos ídolos”, de Pepetela, por si dirigida. “Esse foi um espectáculo especial, porque estavam em cena 30 actores dos quais 25 nunca tinha feito teatro. Quando exibimos a peça, o público não queria acreditar que eles nunca tinha feito teatro. Foi uma grande recepção. Este foi o espectáculo que marcou a estreia absoluta do grupo”, considerou. Actualmente, o grupo é composto por 12 elementos (regulares). Mena Abrantes referiu que “ter conseguido sobreviver esses 30 anos foi congratulante, e o grupo não se desintegrar e atrair novos elementos, de conseguir, sobretudo, no período de guerra, continuar com os trabalhos”.

O grupo

O Elinga Teatro (do Umbundo ‘‘elinga’’ que significa acção, iniciativa, exercício) foi criado dia 21 de Maio de 1988. A sua existência inscreve-se numa linha de continuidade iniciada com o grupo Tchinganje (1975/76) e prosseguida com o Xilenga-Teatro (1977/80) e o Grupo de Teatro da Faculdade de Medicina de Luanda (1984/87). De comum entre todos, a presença do mesmo director artístico, a activa participação de um núcleo de actores que sempre que necessário, se desdobraram em técnicos, administradores e produtores, e, acima de tudo, um mesmo projecto de teatro, voltado para o resgate e promoção da cultura angolana a todos os níveis, incluindo um tratamento moderno dos seus valores tradicionais, e para a difusão de um reportório teatral universal. Desde a sua criação, o grupo Elinga-Teatro apresentou 51 peças de Teatro, e esteve presente em mais de 8 países de 3 continentes (Angola, Moçambique, São Tomé, Cabo Verde, Portugal, Espanha, Itália, Brasil). O grupo foi ainda homenageado na 18ª edição do Festival de Teatro do Mindelo (Mindelact), em 2012.