Angola defende mais cooperação policial para o combate de crimes transfronteiriços

Angola defende mais cooperação policial para o combate de crimes transfronteiriços

Na perspectiva de garantir uma maior segurança, comandantes das polícias
da África Austral encontram-se reunidos em Luanda, onde traçam, com apoio
da INTERPOL, estratégias e acções visando um combate ao crime organizado
e transacional na região

Texto de: Domingos Bento

O segundo comandantegeral da Polícia Nacional, Comissário-Chefe Paulo de Almeida, defendeu uma maior cooperação e coordenação dos órgãos de defesa e segurança dos países membros da região da África Austral, com vista um combate cerrado aos crimes transfronteiriços que atingem a maior parte dos estados desta sub-região.

Segundo Paulo de Almeida, ontem à margem da 23ªreunião dos Comandantes das Polícias da África Austral (SARPCCO), intensificam- se acções policiais destinadas a prevenir e combater a criminalidade transnacional organizada com enfoque no tráfico de drogas, de seres humanos, roubo e furto transfronteiriço de viaturas, terrorismo, branqueamento de capitais e a cibercriminalidade.

Explicou que todos esses crimes afectam a generalidade dos países da região da SARPCCO, pelo que a prevenção e o seu combate constituem prioridades. Para o seu pleno combate, Paulo de Almeida aponta uma maior cooperação e coordenação das acções entre as forças de defesa dos países.

Em seu entender, hoje, com a globalização, a prevenção e o combate à criminalidade já não se confinam a dinâmicas territoriais, porque qualquer país, por mais recursos e capacidades que tenha, não está em condições de acabar com a criminalidade de forma isolada. Precisa, com efeito, juntar-se a outras acções e experiências para alcançar tal desiderato.

“A INTERPOL e as concertações policiais regionais, como é o caso da nossa organização, a SARPCCO, passaram a desempenhar um papel decisivo na facilitação da cooperação policial internacional e no combate à criminalidade transnacionais organizada”, frisou. Acções preventivas Por seu lado, o director dos Serviços de Investigação Criminal(SIC), Eugénio Alexandre, frisou que para além do recurso às novas tecnologias, os agentes do crime beneficiam algumas vezes, da fragilidade das acções policiais e da cooperação regional e internacional entre as polícias. Esta situação, atestou, remete os órgãos de defesa e segurança dos países à necessidade imperiosa de criar as condições necessárias para uma prevenção efectiva da criminalidade.

Eugénio Alexandre, que é igualmente coordenador do subcomité regional da SARPCCO, deu a conhecer que o órgão, com auxílio da INTERPOL, trabalha para o estreitamento da cooperação dos países membros no âmbito da prevenção e combate das ameaças criminais, tendo já, para o efeito, introduzido no seu programa anual de reuniões, o encontro dos chefes dos gabinetes nacionais da INTERPOL.

Nesses encontros, frisou, são discutidos assuntos de extrema importância, cuja missão é contribuir para a definição de estratégias e procedimentos regionais de cooperação que darão uma maior eficácia ao combate a criminalidade.

“E nesta reunião de Luanda vamos analisar a importância da análise criminal nas respostas regionais para o combate do crime organizado e transacional, bem como intensificar o apoio técnico- operacional dos gabinetes nacionais da INTERPOL no apoio das acções policiais no combate efectivo aos crimes transfronteiriços”, rematou.

A SARPCC O

É um órgão do Comité Inter-Estatal de Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e serve para promover, reforçar e perpetuar a cooperação e encorajar estratégias conjuntas para a gestão de todas as formas de crimes transfronteiriços com implicação sub-regional.

A ideia da fundação de uma organização regional aglutinadora das corporações policiais dos Estados membros da SADC surgiu a 23 de Setembro de 1994. Angola assumiu a presidência do órgão em Maio do ano passado, durante a reunião geral anual do órgão, que teve lugar em Arusha, Tanzânia.