Bombas da Sonangol passam à exploração conjunta com a TOTAL

Bombas da Sonangol passam à exploração conjunta com a TOTAL

Sonangol e TOTAL voltam a reinvestir em conjunto no mercado angolano. Agora a distribuição é o novo negócio, já para a refinação, a TOTAL não se mostra disponível, nem quer falar sobre o assunto

Texto de: José Kaliengue, em Paris

Os chefes máximos da Sonangol, Carlos Saturnino e da TOTAL, Patrick Pouyanné, assinaram ontem, em Paris, acordos para a exploração do bloco 48, em Angola, para a formação de 50 quadros angolanos, com a atribuição de bolsas de estudo em diversas áreas científicas e anunciaram uma parceria para actuarem em joint venture no mercado da distribuição em Angola.

Carlos Saturnino disse, em conferência de imprensa, respondendo a uma pergunta de OPAÍS, no plano da distribuição, a Sonangol vai actuar de forma mista, seleccionando alguns dos seus postos de combustíveis que entrarão na parceria com a TOTAL.

No entanto, a Sonangol manter-se-á a explorar sozinha a maior parte dos seus postos e, com a TOTAL construirão novas estações de serviço, entrando a petrolífera francesa com financiamento e com know how. No plano da exploração conjunta do bloco 48, no entanto, o acordo prevê a partilha em cinquenta por cento para cada uma das empresas.

Questionado sobre o ambiente de negócios na área petrolífera com o anúncio de novos investimentos, Patrick Pouyanné referiu que este é o primeiro acordo na área dos petróleos em Angola em sete anos, o que significa uma nova postura. Por outro lado, voltou a referir a participação da empresa na exploração do gás natural em Angola.

Sobre a sua participação no mercado do “retalho”, disse a TOTAL está presente em 45 países africanos, sendo que Angola, onde detém uma forte presença na exploração, é o único país em que a TOTAL não actua na distribuição. A empresa, lembrou, detém pouco mais de vinte por cento do mercado petrolífero africano.

Sobre a possibilidade de participação da TOTAL na indústria da refinação em Angola, disse que a empresa já teve uma participação na refinaria de Luanda, ainda como “FINA”. Agora, disse, aposta em refinarias de grande porte, com potencial de exportação. Para já, e também num futuro próximo, a TOTAL não está interessada na indústria da refinação em Angola. Esta questão, claramente, não foi abordada com agrado por Patrick Pouyanné, que se limitou a dar respostas lacónicas.

Custo de produção não é (apenas) determinado pela indústria

Saturnino disse, por outro lado, que o custo da produção petrolífera em Angola não é determinado apenas por factores ligados a indústria do petróleo. Citou como exemplos os preços das casas e dos hotéis, elevados em Angola e que têm influência no custo de produção. Com esta abordagem, em resposta à uma pergunta de OPAÍS, Saturnino disse ser um mito o preço do barril do petróleo a USD 80 como “estabilizador” do mercado angolano.

“As empresas é que têm de se adaptar ao mercado, devem estruturar- se para viverem com o preço a oitenta, a sessenta ou a quarenta dólares. Na Sonangol, a redução de custos passou a ser forma de vida da empresa, permanente”.

E disse que esta postura é para todas as subsidiárias, que devem viver com o que produzem e não contar com entradas vindas da casa mãe. Por outro lado, tendo a empresa projectado o ano económico com o preço do barril fixado nos USD 50, o remanescente obtido agora, quando o barril está a USD 80 no mercado internacional, a diferença será aplicada sobretudo no pagamento da dívida da empresa e equilíbrio das contas.