“Vagas são insuficientes para cobrir o sector”

“Vagas são insuficientes para cobrir o sector”

Em entrevista exclusiva a OPAÍS, o presidente do Sindicato Nacional de Professores (SINPROF), Guilherme Silva, declarou ontem que as 20 mil vagas destinadas aos professores suavizarão apenas a situação, porque não cobrirão a demanda no sector

POR: Maria Teixeira

Guilherme Silva considerou que os 20 mil candidatos a professores a serem admitidos pelo Ministério da Educação são insuficientes para cobrir as necessidades no sector ao nível nacional. “Nós temos escolas onde os professores têm turmas superlotadas em todo o país, com 100, 150 e até 200 alunos no ensino primário. Portanto, essas 20 mil vagas vêm apenas para suavizar e não para cobrir as necessidades”, declarou. Para sustentar a sua tese, aludiu que caso se a tenha ao rácio aluno/professor, em que no ensino primário se estabelece 30 alunos por cada sala, de longe este número vai cobrir as necessidades que o sector vive. “Agora, caso se entenda que o rácio seja de 50 ou 40 alunos, para continuarmos sem qualidade de ensino, mesmo assim, não vai cobrir. Mas já é uma gota no oceano”, concluiu.

O sindicalista salientou que se até Janeiro de 2019, altura em que os professores, se forem enquadrados e figurarem na ficha financeira, não se acautelar a migrações dos antigos para o Estatuto recentemente aprovado no Conselho de Ministros, continuar- se-á a registar gritantes disparidades salariais no sector. E recorreu à hipótese de um professor licenciado cuja formação tenha sido em instituições vocacionadas para o ensino, entrará com um salário base de 214 mil Kwanzas, enquanto há licenciados e mestres que já laboram no sector há alguns anos auferindo o ordenado de 73 mil Kwanzas como técnico médio. Há outros ainda com o salário de professor primário auxiliar, no valor de 49 mil Kwanzas.

Este, um facto “que poderá gerar problemas, e “se o Ministério da Educação não gerir bem este processo, no sentido de evitar que os colegas entrem antes de se fazer a migração, no próximo ano lectivo haverá ruído no sector e paragens de aulas”, vaticinou. Segundo o sindicalista, isso só vai acontecer se o Executivo não acautelar a proposta orçamental para 2019, quer na migração do actual Estatuto para o Estatuto aprovado. Milhares de professores estão enquadrados em categorias aquém da formação do seu perfil académico e profissional e possuem muito tempo de serviço. Durante a entrevista, o presidente do SINPROF, Guilherme Silva, garantiu ainda que enquanto não se resolver a questão da actualização de categorias versus migração do actual Estatuto para o Estatuto ora aprovado pelo Conselho de Ministros, não darão sossego aos gestores do sector.