“A moralidade deve começar no seio das famílias”

“A moralidade deve começar no seio das famílias”

“A família como Pilar do Desenvolvimento social” foi tema de uma palestra que juntou, nesta Quarta-feira, militantes da organização da Mulher angolana (oMa) e não só, com a finalidade de estimular a sociedade no sentido de defender os valores morais.

Texto de:  Miguel José em Malanje

A família só é um pilar seguro para o desenvolvimento social de uma sociedade, quando a mesma for traduzida nos valores morais e cristãos, referiu a procuradora da República, Aniese da Cruz, nesta Quartafeira, na palestra promovida pela organização feminina do MPLA.

Na circunstância, Aniese da Cruz começou a sua dissertação referindo que a família pode ser considerada a unidade social mais antiga do ser humano, que mesmo antes de o homem se organizar em comunidades sedentárias, se constituía em grupo de pessoas relacionadas a partir de um ancestral comum ou através do matrimónio.

Daí que, partindo do princípio que em sociologia a família é um conjunto de pessoas que estão ligadas por laços de parentesco, a prelectora focalizou o seu discurso no conceito de família africana alargada, que além dos laços de consanguinidade se distende por laços de afinidade, amizade, espiritualidade e por aí adiante.

Assim, longe de cingir-se simplesmente aos conceitos, afirmou que a análise dos diferentes conceitos de família decorre de como estão alicerçados os pilares dessas famílias.

Num discurso virado para a educação e formação dos filhos, a prelectora invocou a fraternidade, a humildade, a responsabilidade, a cortesia, a solidariedade, a tolerância e a integridade, que se sucedem, os valores cristãos, indicados nos dez mandamentos da bíblia e descritos no livro de Êxodo, como dever que os pais têm de transmitir aos seus educandos, logo desde a tenra idade. Porém, embora os filhos nasçam no seio de uma família, eles devem ser educados para a sociedade, no sentido de que dos tais valores adquiridos, resulte a garantia quanto ao futuro.

“O facto de criarmos os filhos para a sociedade, é muito importante termos a noção de que não estamos a criar a criança para nós mesmas. Por isso, as coisas que os filhos fazem ou que permitimos que elas façam em casa, fora de casa podem fazê-lo, ao ponto de nos sentirmos envergonhadas”, observou.

Socorrendo-se do adágio que diz: “É de pequenino que se torce o pepino” e, também, a uma passagem da bíblia: “Ensinai a criança o caminho em que deve andar, para que quando crescer não se esquecer dele”, Aniese da Cruz, exalta-os como sendo ensinamentos a observar pelos pais, no sentido de inculcar valores nos filhos, que norteiem o desenvolvimento social das famílias e que venham a se reflectir na sociedade.

Assim, segundo a magistrada, os males que acontecem na sociedade actual, em que os pais violam as filhas; as filhas que aos 13 anos já namoram; os casais que se matam entre si; netos que assassinam os avós; e como outros casos em que o “bem vida é extinto sem dó nem piedade”, revelam a perda significativa dos valores que precisam ser resgatados, mas que não se conformem tão-somente em campanhas que são direccionadas à sociedade. “A moralidade como valor deve começar no seio das famílias, já que é aí que tudo começa”, repreendeu.

Valores de outrora

A procuradora Aniese da Cruz foi ao encontro do passado, para lembrar às participantes, alguns comportamentos positivos dos mais velhos, que consistia em inculcar na mente das crianças, valores morais que lhes permitia evitar as más práticas e a procederem às boas acções.

Ao contrário de outrora em que os valores morais habitavam na consciência das pessoas, se viam as crianças a andar de cuecas ou mesmo nuas, sem que houvesse pudor, muito menos, qualquer intenção malévola, actualmente, devido a agressividade da sociedade, apelou à necessidade de os pais protegerem as suas filhas dos prevaricadores. “Hoje em dia, esta realidade traz muitas consequências, porque os valores morais estão como que extintos”.

Contudo, baseando-se em actos da sociedade que ocorrem no dia-a-dia, a magistrada afirmou que nos tempos que correm, dada a forma moderna como se desenvolve a violação dos valores morais, é imperioso que se usem, também, mecanismos modernos para contrapor as acções maléficas, que degradam a sociedade.

Por isso, recomendou às mães, tirando partido das relações afectivas que têm particularmente, com as filhas, que no fundo são as principais vítimas de abusos sexuais e de outros tipos de violações, a dedicarem maior atenção ao modo de educá-las. “A sociedade está doente (!) No tribunal recebemos muitos casos de violação de menores de 12 anos de idade”, advertiu.