RESEARCH ATLANTICO: A evolução dos mercados durante o mês de Maio

RESEARCH  ATLANTICO: A evolução dos mercados durante o mês de Maio

O quinto mês do ano corrente caracterizou-se pela divulgação do desempenho de alguns indicadores económicos relevantes, tal como, acontecimentos mundiais com grande impacto sobre os mercados accionistas, cambiais, commodities e obrigacionistas

POR: Atlantico

Nos Estados Unidos da América (EUA), a redução da taxa de desemprego para 3,8% durante o período em análise, o menor nível desde Junho de 1998, contribuiu para o aumento do optimismo dos investidores, com impacto sobre o mercado accionista. Os principais índices bolsistas norte- americano continuaram com tendência positiva, tendo o Dow Jones e S&P 500 registado incrementos de 2,09% e 2,87%, situando- se em 24.667,78 e 2.724,01 pontos, respectivamente. Semelhantemente, o índice Nasdaq passou de 7.066,27 pontos para 7.462,45 pontos, um aumento de 5,61%. Entretanto, do outro lado, as bolsas europeias apresentaram tendência contrária, com queda significativas, como resultado das incertezas relativamente à situação política da Espanha e Itália, tendo o último, no passado dia 04 de Março realizado eleições que resultaram na vitória do partido Movimento 5 Estrelas, mas sem a maioria absoluta.

Na necessidade de criação de um governo o partido começou as negociações com a Liga que inicialmente decorria sem sobressaltos, tendo ambos partidos concordado com a nomeação de Giuseppe Conte para o cargo de primeiro- ministro. As divergências iniciaram aquando da escolha para o cargo das Finanças, sendo que o Presidente da República, Sergio Mattarella, rejeitou a escolha de Paolo Savona para o cargo, sugerido por Conte. A decisão do Presidente foi baseada no facto de Savona ser defensor da saída do país da Zona Euro. Enquanto, a negociações para a resolução do tema decorre, o impacto sobre o mercado accionista foi imediato, tendo o índice Stoxx600 registado uma redução de 1%, situando-se em 383,06 pontos, enquanto o índice FTSMIB (índice italiano) registou uma queda mais significativa, cerca de 9,15%, para 21.784,18 pontos.

A instabilidade política aliada à desaceleração do crescimento da Zona Euro durante o primeiro trimestre de 2018, que passou de 0,7% para 0,4%, influenciaram a cotação do euro face ao dólar que encerrou o quinto mês do ano com uma cotação de 1,1671 USD por cada unidade da moeda, o menor nível desde Novembro de 2017, tal como, uma diminuição de 3,55% em comparação ao mês de Abril. Destaca- se que o ritmo de crescimento apurado durante o período em análise representa o menor desde o último trimestre de 2016. Por outro lado, o crescimento moderado da taxa de inflação, que variou 1,9% em Maio, abaixo da inflação target de 2%, poderá contribuir para a manutenção da actual política monetária do Banco Central Europeu, o que terá contribuído para o aumento do receio dos investidores sobre a efectivação do encerramento do Programa de compra de activos no corrente.

O dólar apresentou uma performance positiva face as principais contra-partes, tendo o USD índex registado uma valorização de 2,33%, situando-se em 93,97 pontos. Porém a valorização da moeda não foi mais significativa devido ao aumento do receio de uma guerra comercial após anúncio dos EUA de imposição de tarifas às importações de aço e alumínio ao Canadá, México e União Europeia, com fortes possibilidades de retaliação por parte destes. No mercado das commodities, o preço do crude não apresentou tendência definida. Se por um lado o aumento da produção petrolífera norte-americana para 10,8 milhões barris/dia impactou negativamente a cotação do WTI, que registou redução de 2,23% para 67,04 USD/barril, por outro lado, o optimismo dos investidores relativamente a possibilidade de um choque na oferta, resultante da aplicação de sanções ao Irão, como efeito da saída dos EUA do acordo nuclear, contribuiu para o incremento da cotação do Brent, de 3,22%, para 77,59 USD/barril. Por último, no mercado obrigacionista apurou-se uma tendência decrescente do rendimento exigido pelos investidores das principais economias.

A dívida soberana a 10 anos de alguns países como a Alemanha e o Reino Unido apresentaram- se como refúgio face a instabilidade política dos países vizinhos. Consequentemente, as yields de ambos países registaram reduções de 21 e 19 p.b, para 0,341% e 1,228%, respectivamente. Contrariamente, a yield da dívida soberana a 10 anos da Itália registou um incremento de 99 p.b. atingindo 2,771%, o maior nível desde Janeiro de 2016. Para o mês de Junho, destacam-se, essencialmente, dois eventos que poderão exercer impactos significativos sobre os mercados. A reunião da Reserva Federal norte-americana agendada para 13 de Junho, com elevada probabilidade de incremento da taxa de juro de referência, seguida da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que ocorrerá no dia 22 de Junho.