Mais 30 de funcionários da Sonangol protestam contra despedimentos e reclamam por atrasos salariais

Mais 30 de funcionários da Sonangol protestam contra despedimentos e reclamam por atrasos salariais

Trinta e cinco funcionários de concessionária que geria as bombas de combustíveis do Kalunga, em Benguela, protestam contra o seu despedimento e reclamam quatro meses de atrasos salariais, na sequência do rompimento contratual que a Sonangol fez com a gerência.

POR: Constantino Eduardo, em Benguela

Os funcionários sentem- se injustiçados e prometem inviabilizar a gestão da nova concessionária por não quererem ficar sem os seus postos de trabalho. Segundo dizem, era expectável que, em razão da promessa da direcção regional da Sonangol, fossem absorvidos pela nova concessionária. Entretanto, segundo fontes de OPAÍS, a antiga concessionária há muito vinha sendo alertada pela Direcção da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola para a necessidade de adoptar boas práticas de gestão, mas os conselhos não terão sido acatados. “Havia falhas regulares de combustíveis”, disse. Aparentemente desprotegidos, os trabalhadores apelam à sensibilidade dos órgãos do Estado, mormente a Inspecção Geral, a intervir no sentido de salvaguardar efectivamente os seus interesses. Os funcionários alegam que a gestão sempre se pautou nos marcos legais, não entendendo porém como é que as bombas chegaram à falência, ao ponto de “o produto começar a vacilar: se vem gasolina, gasóleo já não vem, isto começou no ano passado e, no princípio deste ano, piorou a situação.

Assim, estamos há meses sem salários”, revelou a OPAÍS Salomão Henriques, asseverando agora sente-se apoquentado pelo facto, de 12 anos depois, cair desempregado. Inicialmente, reportam os trabalhadores, a Direcção Regional da Sonangol lhes tinha prometido que seriam reinseridos no quadro de pessoal da nova concessionária, mas semanas depois recebem, pela mesma via, a informação segundo a qual, ponderados os factos, a nova concessionária determinou prescindir dos 35 funcionários, e que o novo concessionário, por não ser obrigado a absorvê-los, dispunha de funcionários para fazer face à demanda. “Eles disseram que vocês vão trabalhar connosco aqui e uma parte vai ao Luhongo, e agora dizem que não. Onde é que vão nos pôr?”, questiona Adolfo Saculanda, que há 13 anos trabalhou para a concessionária. “Nós não estaremos disponíveis para permitir que a outra empresa venha gerir este negócio de combustível, sem primeiro resolverem os nossos problemas”, promete Damásio Cacungula, funcionário há 14 anos.

Manuel Francisco, há 6 anos em efectivo serviço, refere que “primeiro disseram que vamos ficar 30 dias para nos avaliar e depois para fazermos parte. Nós pagamos a Segurança Social e ao Sindicato (do Comércio, Hotelaria e Turismo)”, reclama. Por sua vez, o sindicato provincial dos Trabalhadores da Indústria Alimentar, Comércio, Hotelaria e Tursimo, garante estar a negociar com a direcção regional da Sonangol, intercedendo a favor das três dezenas de funcionários, para que os mesmos ingressem na nova concessionária. Entretanto, salientou o responsável, Moisés da Silva, as negociações não estão a ser exitosas, porquanto os funcionários estão a ser acusados pela antiga concessionária de desvio de combustíveis e furtos de bens da empresa, prática que, em certa medida, terá contribuído para a sua falência. As várias rondas de negociações têm redundado em fracasso.

“A directora da Sonangol disse que não podia garantir isso (a reinserção), uma vez que a antiga proprietária, nas suas informações, acusou os trabalhadores como estando por detrás da falência das próprias bombas”, revelou. Com esta informação, prossegue o sindicalista, o novo concessionário receia reinseri-los sob pena de criarem transtornos à gestão. “Nós tentámos um encontro com a antiga concessionária, a dona Maria Arminda, esta praticamente não acedeu ao nosso pedido e neste momento, segundo informações, está fora da província e assim estamos a aguardar que ela chegue”. Todavia, dada as dificuldades registadas nas negociações, nada resta ao sindicato senão exigir o pagamento dos quatro meses de salários em atraso. Uma outra fonte confidenciou que as bombas do Kalunga deverão merecer obras de reestruturação e “é pretensão da direcção da Sonangol requalificar”, frisou. O OPAÍS não conseguiu ouvir a antiga concessionária nem a Direcção Regional da Sonangol, em Benguela, mas um seu alto funcionário afirmou à nossa reportagem que apenas Luanda deveria se pronunciar sobre o caso.