A conjuntura económica no Iº trimestre de 2018

A conjuntura económica no Iº trimestre de 2018

A economia angolana continua a ressentir-se dos constrangimentos macroeconómicos que tiveram início há, sensivelmente, quatro anos. Os ciclos económicos confundem-se, em alguns casos, com os ciclos de confiança na economia. Neste caso, reflecte-se sobre as expectativas dos agentes económicos

As expectativas dos agentes económicos sobre a evolução dos mercados são determinantes para o desempenho da economia. O clima económico, indicador publicado pelo Instituto Nacional de Estatística que sintetiza a perspectiva de evolução dos mercados, realizado com base numa amostra em quatro das dezoito províncias do país, tem a virtude de ser um indicador que antecipa o comportamento da economia, com uma relação procíclica com as principais variáveis macroeconómicas.

O indicador dá conta de uma melhoria no índice de confiança na economia face ao trimestre anterior, no conjunto dos sete sectores da economia estudados pelo INE.

O restabelecimento da confiança na economia parece ser uma prioridade na agenda do Executivo, por ser um factor determinante na formulação das expectativas dos agentes internos e externos, na efectividade das políticas de estabilização macroeconómica, como o Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM) e na rápida inversão do ciclo económico.

Os resultados da materialização das medidas de política económica, são captados e incorporados nas expectativas dos empresários, no lado da oferta da economia, e aparentam apresentar resposta moderada aos estímulos que a economia tem apresentado.

O Índice de confiança na economia permanece em terreno negativo, não obstante assistir uma melhoria de -15 pontos no último trimestre de 2017 para -14 pontos no primeiro trimestre de 2018.

No sector secundário, a conjuntura económica referente aos sectores da Indústria transformadora e extractiva manteve-se desfavorável, tendo-se situado em -17 e -15 pontos nos períodos em análise.

O agravamento da redução das expectativas na Indústria transformadora e extractiva poderá reflectir o desempenho desfavorável da actividade económica actual e a redução da perspectiva sobre a produção futura, tal como a queda na capacidade de criação de emprego e de exportação dos produtos. Por outro lado, devido a sua posição estratégica e a capacidade de alavancar os outros sectores, a montante e a jusante, para toda a economia, o decréscimo da confiança neste sector poderá condicionar o seu desenvolvimento.

A estratégia de recuperação económica assenta em pilares que priorizam a alteração da estrutura produtiva nacional, com um enfoque maior na produção nacional, com o sector industrial a ser determinante não apenas na disponibilização de bens substitutos aos produtos actualmente importados, mas também como mercado para o sector primário.

O processo de ajuste das variáveis económicas no sentido de garantir a estabilização da mesma ainda não se traduziram em efeitos positivos expressivos.

Por exemplo, o actual processo de depreciação cambial distorce, no curto prazo, a percepção da evolução futura de algumas variáveis macro e micro-económicas para os agentes económicos, afectando as suas decisões.

Outras variáveis condicionam as expectativas dos agentes económicos, como as altas taxas de juro na economia, resultantes da política monetária contraccionista do Banco Nacional de Angola, que se sublinha serem necessárias, mas traduzem-se em custos de financiamento mais altos para os agentes.

Neste sentido, medidas adicionais deverão ser tomadas de forma a melhorar as expectativas dos agentes, apesar dos passos importantes dados até agora, como as reformas económicas e institucionais em curso, a introdução do novo regime cambial, a aprovação da nova lei do investimento privado, o surgimento do novo mecanismo de regulação da concorrência em Angola e a maior abertura ao investimento directo estrangeiro. a de 60% nos próximos anos.