Líder islâmico diz que a relação com Estado angolano é saudável

Líder islâmico diz que a relação com Estado angolano é saudável

O presidente da comunidade islâmica em Angola (religião não reconhecida pelo Estado), David Já, considerou ontem, em Luanda, saudável a relação entre o Estado angolano e os que professam o islamismo no país Em entrevista a’OPAÍS, o responsável apontou como exemplo das boas relações com o Estado angolano o crescimento das mesquitas em todas as províncias, realçando que se tem garantido o princípio da liberdade religiosa.

POR: Milton Manaça

David Já disse que a religião islâmica já está enraizada em Angola, onde estão em funcionamento 58 mesquitas, 28 destas construídas na província de Luanda com maior concentração para o município de Viana. Para ele, a contribuição dos religiosos islâmicos no desenvolvimento de Angola está assente na economia, afirmando que os maiores importadores de diversas mercadorias são muçulmanos. “As trocas transnacionais são operadas por cidadãos expatriados e a maioria destes professam a religião islâmica. Levamos produtos ao próximo e pagamos impostos”, frisou. David Já acredita que a xenofobia contra os crentes islâmicos, frequentemente associados aos homens-bomba, tem diminuído, realçando a necessidade das “pessoas aceitarem conviver na diferença de pensamento, mas dentro da legalidade” num mundo cada vez mais globalizado.

Durante cerca de um mês, muçulmanos em todo o mundo festejaram o Ramadão, a festa islâmica marcada essencialmente pelo jejum e oração. O acto central em Angola celebrou- se na mesquita do Hoji-ya- Henda, em Luanda, onde estiveram presentes cerca de duas mil pessoas, segundo dados da organização. Actualmente, o islamismo tem cerca de 900 mil crentes espalhados pelas 18 províncias do país, sendo que mais de metade encontra- se em Luanda. Em Angola existem 58 mesquitas, disse ele.

Sobre o Ramadão

A palavra Ramadão tem origem na palavra árabe ‘ramida’, que pode significar “calor severo”, “terra queimada” ou “falta de provisões”. O Ramadão é o nono mês do calendário islâmico, em que os muçulmanos praticam um ritual de jejum e em todos os dias desse mês abstêm-se de comer, beber, fumar ou ter relações sexuais desde que o sol nasce até que o sol se põe. A data de celebração varia todos os anos, mas tem sempre a duração de 29 ou 30 dias. Simbolicamente, é o mês em que os muçulmanos acreditam que os escritos do Alcorão (o livro sagrado islâmico) foram revelados, por fases, a Maomé, o último profeta do Islão.