Empresários nacionais de costas viradas

Empresários nacionais de costas viradas

Falta de legitimidade e mandato para falar em nome das associações empresariais, são alguns dos argumentos apresentados em carta por empresários que não reconhecem a Confederação. Francisco Viana contesta e fala na necessidade de união

Texto de: Miguel Kitari

Numa altura em que o país precisa da classe empresarial mais unida, os empresários nacionais acabam de demostrar que estão desunidos e que uns, mais do que outros, pretendem ganhar protagonismo junto de instituições do Estado.

O surgimento da Confederação Empresarial de Angola (CEA) e a sua descredibilização pelas principais Associações do país é bem um exemplo disso.

Numa carta tornada pública recentemente e assinada pelos presidentes da Associação Industrial de Angola (AIA), da Comunidade de Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola (CEEA), da Associação de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (ECODIMA), da Associação de Hotéis e Resorts de Angola (AHRA) , escrevem que “não nos revemos na Confederação Empresarial de Angola e no protagonismo público que o seu presidente vai tendo”.

Questionam mesmo a legalidade da organização dirigida por Francisco Viana, que congrega outras personalidades do mundo empresarial.

O Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) confirmou, em exclusivo ao OPAÍS a autenticidade do documento que foi enviado ao Presidente da República, João Lourenço.

“A carta é real e foi subscrita pelas associações mais representativas”, disse José Severino, dando assim corpo ao documento que coloca em causa o poder da Confederação Empresarial de Angola, dirigida pelo empresário Francisco Viana, que é igualmente presidente da Associação Empresarial de Luanda.

Francisco Viana reage

“A AIA diz que nós não estamos legais e que não se revêm em nós”, começou por dizer Francisco Viana, em reacção à posição da AIA e demais associações que subscreveram uma carta ao Presidente da República, colocando em causa a legitimidade da CEA.

Viana afirma ainda que este é um caso que não é caso, sublinhando que os membros das associações que o acusam deviam ser mais honestos. “Temos perto de 70 associações membros da CEA. Portanto, ninguém é obrigado a estar connosco. Importa referir que a lei angolana permite que haja liberdade de escolha e quem não se revê na CEA pode criar outra organização”, apelou.

Acrescenta que “ precisamos é que nos deixem trabalhar, pois está em preparação o Congresso da Produção Nacional. Precisamos, sim, fazer uma selecção nacional de forma coesa, pois todos somos poucos para criar um bom ambiente de negócio no país”, disse.