Presidente do Zimbábue e primeiro- ministro da Etiópia “recebidos” com bombas

Presidente do Zimbábue e primeiro- ministro da Etiópia “recebidos” com bombas

A uma distância de milhares de quilómetros, no mesmo dia e no mesmo tipo de acto político, duas explosões visaram o Presidente Emmersom Mnangagwa e o primeiro-ministro Abiy Ahmed.

Uma explosão de origem desconhecida fez várias vítimas no fim de um comício eleitoral do Presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa que escapou ileso, e o seu porta-voz. Na Etiópia, segundo relatos da AFP, tratouse de uma granada arremessada para o palanque onde estava o primeiro ministro. “O Presidente foi evacuado com sucesso e está na sede da província em Bulawayo”, indicou o porta-voz de Mnangagwa, George Charamba, à AFP por telefone. “Achamos que foi uma explosão, que certamente aconteceu muito perto do palanque onde as personalidades estavam”, acrescentou Charamba, sem maiores detalhes. Um correspondente da AFP no local informou que várias pessoas ficaram feridas na explosão, sem mais detalhes sobre o estado de saúde das vítimas. Muitas ambulâncias estavam no local para evacuar esses feridos, acrescentou ele.

Segundo várias testemunhas, a explosão aconteceu quando o chefe de Estado, candidato do partido no poder Zanu-PF à eleição presidencial de 30 de Julho, acabara de discursar diante de várias centenas de pessoas. O comício era realizado num estádio em Bulawayo, a segunda maior cidade do Zimbábue, considerada um reduto da Oposição. As eleições presidenciais e legislativas de 30 de Julho são as primeiras organizadas desde a renúncia em Novembro do Presidente Robert Mugabe, que governou o Zimbábue com mão de ferro desde a Independência em 1980. Abandonado pelo Exército e pelo Zanu-PF, Mugabe foi substituído pelo seu antigo vice- presidente, Mnangagwa. Emmerson Mnangagwa deve vencer sem surpresas a eleição presidencial contra uma Oposição órfã de seu líder histórico Morgan Tsvangirai, que morreu em Fevereiro.

Um morto e e mais de 150 feridos na Etiópia

Uma pessoa morreu e mais de 150 outras ficaram feridas após uma explosão neste Sábado (23) durante um comício na presença do primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed no centro da capital Adis Abeba. Diante de milhares de pessoas reunidas na praça Meskel, Abiy tinha acabado o seu discurso e cumprimentava a multidão quando uma explosão aconteceu, provocando pânico entre as pessoas, constatou um jornalista da AFP no local. O primeiro-ministro deixou rapidamente o palanque após a explosão. O ministro da Saúde, Amir Aman, revisou o balanço de vítimas, a 1 mortos e 154 feridos, incluindo 10 em estado crítico. Abiy estimou que o incidente havia sido planeado por grupos que procuram desacreditar este encontro e mais amplamente o seu programa de reformas.

“Todas as vítimas são mártires do amor e da paz”, declarou Abiy, segundo a rádio-televisão Fana Broadcast Corporate, próxima ao Governo. Arega explicou que a explosão foi provocada por uma granada, lançada por pessoas ainda não identificadas, “cujo coração está cheio de ódio”. Um fotógrafo da AFP constatou a prisão de quatro pessoas no local, dois homens e duas mulheres. Um dos organizadores do evento, Seyoum Teshome, explicou que viu uma briga perto do palanque e alguém a tentar atirar a granada nesta direção. “Neste momento, quatro polícias se apressaram e neste momento a granada explodiu”, declarou à AFP. Tratava-se do primeiro discurso público em Addis Abeba de Abiy depois da sua nomeação para o cargo em Abril, e tinha um caráter bastante simbólico na sua campanha para explicar as suas reformas.

Desde que tomou posse, depois de mais de dois anos de manifestações contra o Governo que resultaram na queda do seu antecessor Hailemariam Desalegn, Abiy tem impulsionado grandes mudanças no país, libertando vários opositores presos e iniciando um processo de liberalização econômica. Este comício começou de forma tranquila. Os espectadores acenavam bandeiras da Frente de Libertação Oromo (OLF), um grupo armado rebelde, e uma versão antiga da bandeira etíope, símbolo dos protestos contra o Governo. A Polícia, que no passado prendia qualquer um que estivesse em posse dessas bandeiras, não interferiu desta vez. No seu discurso, Abiy, vestindo uma camisola verde e chapéu, expressou a sua gratidão à multidão e elogiou as virtudes do amor, da harmonia e do patriotismo.

“A Etiópia voltará ao topo e as fundações serão o amor, a unidade e a união”, declarou ele. Após a explosão, dezenas de pessoas subiram ao palco e começaram a atirar vários objetos contra a Polícia, gritando “Abaixo Woyane” ou “Woyane ladrão”, referindo-se ao apelido pejorativo usado para descrever o Governo, segundo o jornalista da AFP no local. Alguns espectadores iniciaram brigas e pedras foram atiradas contra os jornalistas, que tiveram que se abrigar. As forças de segurança preferiram não intervir, abstendo-se de conter as pessoas no local. Após estes incidentes, a calma parecia voltar aos poucos, mas dezenas de milhares de pessoas continuavam a cantar e expressar o seu descontentamento com as autoridades, enquanto os organizadores do encontro tentavam recuperar o controlo da situação.