Michael Jackson: O astro “contínua vivo”

Michael Jackson: O astro “contínua vivo”

Faz hoje nove anos desde que o cantor pop norte-americano Michael Jackson partiu para outra dimensão da vida. Apesar do seu desaparecimento físico, o ‘astro’, como era intitulado, continua a inspirar gerações em todo mundo. Em Angola é cada vez mais crescente a legião de seguidores que o imortalizam na arte de cantar e dançar

POR: Domingos Bento

Se estivesse vivo, o astro da música pop, que faleceu no dia 25 de Junho de 2009, faria, no dia 29 de Agosto deste ano, 60 anos de vida. Enquanto viveu, Michael Jackson arrastou pelo mundo milhares de fãs com a sua forma singular de dançar e de cantar o estilo pop. Também a sua forma extravagante de se vestir (roupas com bastante brilho e cores, dignas de um rei) fazia furor em qualquer palco em que actuasse.

Da sua veia artística saíram várias canções que não só puseram o mundo a dançar, mas também a reflectir quando fazia menção à necessidade de mais amor e fraternidade, sobretudo no seio das crianças. Músicas como Thriller, Will You Be There, Heal the World e outras, mesmo depois de muitos anos, continuam a encantar diversas sensibilidades. Porém, a brilhante carreira artística e o seu percurso de vida, embora nos últimos anos alvo de várias polémicas, tornaram a estrela da música pop, que hoje brilha nos céus, não só no símbolo do entretenimento mundial, mas também numa incontornável figura do amor e da unidade humana, dispensando a necessidade de olhar a raça, a língua, a religião ou o status social. Esse seu gesto de amor e de atenção para com os mais necessitados está registado nas mais diversas causas filantrópicas que realizou contra a fome, a guerra, a pobreza, as grandes endemias e outras calamidades.

Estas acções de Michael Jackson transformaram-no, para muitos que o admiram em todo o mundo, num ser imortal. E hoje, nove anos depois da sua morte, o astro “continua vivo” na vivência dos seguidores que o imortalizam na arte de dança e cantar. Em Angola, o movimento em prol do artista é cada vez mais crescente. São vários os jovens, adultos e até mesmo crianças que abraçaram o estilo pop, inspirando- se única e exclusivamente no eterno rei. Viti Jackson, Afonso Jackson, Roboth Jakson, Michael Jackson Angolano, Michael Jackson Mini e Caniggia Jackson são dos jovens que despontam pelo país adentro, adoptando hábitos e estilos de vida semelhantes ao do astro.

Família Jackson do Cazenga

Caniggia Jackson, 40 anos de idade, vive imitando Michael Jackson há mais de vinte anos. Actualmente é considerado como o melhor sósia do artista em Angola. O título, segundo explicou, foi-lhe atribuído em 2002 por outros seguidores do artista e também pela comunidade norte- americana residente no país. Conforme constatou o OPAÍS, são centenas de acessórios (desde roupas, CDs, sapatos e relógios) que o jovem colecciona para se parecer com o astro mundial. Residente no município do Cazenga, bairro da Mabor, por onde passa, as suas roupas cheias de cores, sapatos brilhantes, penteados arranjados, óculos escuros e outros acessórios extravagantes chamam a atenção de todos, até mesmo dos mais distraídos. Quando sobe ao palco não canta outra coisa que não seja do vasto e rico reportório de Michael Jackson, acompanhado pelas suas peculiares danças.

Essa sua proeza em prol do rei rendem-lhe infinitas ovações, carinho e respeito que o tornaram numa verdadeira estrela com uma agenda repleta de shows que varia entre três a cinco actividades semanais. Segundo contou, há mais de vinte anos que não ganha a vida com uma outra coisa senão imitando Michael Jackson. Assim como qualquer outro trabalho, Caniggia reconhece que com o seu trabalho não cobre todas as despesas, mas garante que não tem faltado o básico para garantir o mínimo de conforto à família. Foi por imitar o astro da música mundial que Cannigia Jackson hoje orgulha- se de ter conhecido o país de Cabinda ao Cunene, fazendo shows em muitos municípios, bairros e até mesmo em comunas mais recônditas. Também fez espectáculos na Namíbia e África do Sul, países em que diz ter já inúmeros fãs.

“E a língua para mim nunca foi barreira. Aliás, graças às músicas de Michael Jackson hoje sei falar inglês com normalidade. Foi de tanto ouvir as músicas que fui conhecendo o significado das palavras e, actualmente, não encontro nenhuma dificuldade sempre que pretendo viajar”, notou. Em 2005, o sonho de conhecer o seu ídolo estava prestes a ser realizado quando havia recebido um convite de uma organização não-governamental que o havia convidado a deslocar- se aos Estados Unidos da América. Mas a falta de recursos na altura impediram-no de lá chegar.

“Embora não tivesse a oportunidade de o conhecer pessoalmente, Michael Jackson é para mim, depois de Jesus Cristo, o homem que passou pelo mundo e o transformou. É um génio, é uma máquina de talento. Por isso todos os dias luto para ser como ele. E sei que um dia vou conseguir”, reconheceu. Para ele, mais que um artista, Michael Jackson é uma filosofia de vida que deve ser seguida como símbolo do amor e da unidade. Foi a pensar neste pressuposto que o jovem também incutiu, desde muito cedo, as doutrinas do seu adorado ídolo ao seu filho, Cannigginha Jackson, conhecido como o melhor Michael Jackson Mini em Angola.

O filho

Cannigginha tem apenas cinco anos de idade. E vem imitando o astro desde os 2 anos, mesmo sem nunca o ter visto. Conta o pai que, quando o menino nasceu havia-o abençoado para ser como o rei da pop. E hoje os seus intentos estão a ser realizados de forma natural. Para corrigir as falhas e acertar os pontos, o menor ensaia diariamente mais de sete horas, com o auxílio de uma tela onde são projectados os vídeos e as músicas de Michael Jackson. Tal como o pai, Cannigginha também se veste, canta e dança como o rei da pop. A dedicação e empenho tornaram-no bastante conhecido no bairro.

E com isso tem vindo a cumprir uma agenda de shows cujos cachets servem para ajudar os pais nas despesas domésticas. “É também com os shows que ele faz que conseguimos comprar brinquedos, matriculá-lo, comprar roupas e os adornos que usa durante os espectáculos. Para além de filho, ele é, de facto, um parceiro que tenho cá em casa, porque, não só partilhamos a mesma arte, como também ele ajuda-nos a pagar as contas com a arte que desempenha”, explicou Caniggia Jackson. De acordo com o progenitor, em média o menor realiza entre dois a três espectáculos semanais. O pai assegura que esta rotina não lhe tem prejudicado o desempenho escolar. No entanto, apesar da dedicação à escola, onde está a frequentar a primeira classe, Canigginha tem uma certeza: viver e ser como o rei da pop.

“Este é o seu grande sonho, ser como o Michael Jackson. Desde que aprendeu a falar não tem dito outra coisa senão ser, no futuro, um grande artista e verdadeiro Michael Jackson e assim também ajudar outras crianças”. A estrada para se alcançar o objectivo ainda é longa. Por isso, os dois superam-se todos os dias para chegar à excelência. O pequeno quintal, com menos de cinco metros de largura, é o espaço onde pai e filho ensaiam e preparam todo o espectáculo que posteriormente será mostrado ao público. Durante os ensaios, os passos, gestos, gritos e outros toques, bastante compassados, simbolizam que, apesar de ter partido para outra vida, Michael Jackson continua vivo.

Percurso

Michael Jackson foi cantor, compositor, dançarino, produtor, empresário, arranjador vocal, filantropo, pacifista e activista norte-americano. Segundo a revista Rolling Stone, facturou em vida cerca de sete biliões de dólares, fazendo dele o artista mais rico de toda a história, e um ano após sua morte facturou cerca de um bilião de dólares. Começou a cantar e a dançar aos cinco anos de idade, iniciando-se na carreira profissional aos onze anos como vocalista dos Jackson 5; começou logo depois uma carreira solo em 1971, permanecendo como membro do grupo.

Reconhecido nos anos seguintes como Rei da Pop (King Of Pop), cinco dos seus álbuns de estúdio tornaram- se os mais vendidos mundialmente de todos os tempos: Off the Wall (1979), Thriller (1982), Bad (1987), Dangerous (1991) e History (1995). Lançou-se em carreira solo no início da década de 1970, ainda pela Motown, gravadora responsável pelo sucesso do grupo formado por ele e os irmãos. Já adulto, gravou o álbum mais vendido e popular da história, Thriller. Jackson é frequentemente citado como “O maior ícone negro de todos os tempos”, e com grande importância para a quebra de barreiras raciais, abrindo portas para a dominação da música negra na música popular, e pessoas como Oprah Winfrey e Barack Obama conseguirem o status que têm hoje em dia.