Researc Atlantico: O investimento directo estrangeiro

Researc Atlantico: O investimento directo estrangeiro

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) realizado em Angola durante o ano de 2017 fixou-se em 8.559,01 milhões USD, segundo o último Boletim Estatístico divulgado pelo Banco Nacional de Angola (BNA). O montante referente a 2017 representa uma redução de 36% em relação ao período homólogo.

POR: Atlantico

Paralelamente, o fluxo de IDE associado ao investimento realizado por angolanos no exterior – saída de Investimento Directo Estrangeiro – registou incremento de 3%, fixando-se em 12.455,26 milhões USD, no período acima referenciado, que contribuiu para que a Conta Financeira registasse défice de 5.474,78 milhões USD em 2017. O saldo negativo apurado representa o primeiro défice desde 2014, quando se fixou em 486,03 milhões USD, e poderá reflectir o aumento da procura por investimentos mais rentáveis no exterior, tendo-se em consideração o cenário de moderação do crescimento económico registado no país, em consequência da queda significativa na cotação internacional do crude.

A Conta Financeira nacional reflecte a contribuição de 71% referente ao Investimento Directo Estrangeiro Líquido (entradas – saídas de recursos), 20% correspondente ao Capital de Médio e Longo Prazo Líquido (Desembolsos – Amortizações) e o remanescente relativo a Outros Capitais. Destaca-se que no período em análise, o saldo Financeiro influenciou em 85% o registo da Balança de Pagamentos que, de acordo com os dados do Boletim do BNA, fechou o ano com défice de 6.414,89 milhões USD, uma inversão em relação ao superavit de 403,99 milhões USD registado em 2016.

No entanto, a moderação do IDE em Angola não se apresenta como um caso isolado, tendo-se em consideração que a United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD) no seu relatório “World Investment Report” divulgado no dia 6 de Junho do corrente ano, demonstra que o fluxo de IDE mundial registou redução de 23% em 2017, fixando-se em 1.430 mil milhões USD. O relatório destaca que a moderação do fluxo de investimento global reflecte, em parte, a redução da taxa de retorno dos investimentos, nos últimos 5 anos.

A UNCTAD estima que, no geral, as taxas de retorno tenham reduzido 1,4 p.p., fixando-se em 6,7% em 2017, comparativamente ao registo de 8,1% referente a 2012, sendo que, as economias desenvolvidas e em desenvolvimento apresentaram queda na rendibilidade do investimento, de 1 p.p. e 2 p.p., situando- se em 5,7% e 8%, respectivamente, no intervalo de tempo acima referenciado. O relatório sobre o Investimento Mundial perspectiva que em 2018 o fluxo de Investimento Directo Estrangeiro apresente incremento de 5%, fixando-se em 1.500 mil milhões USD. O registo para o ano corrente tem como pontos positivos a recuperação do crescimento das principais economias internacionais e o incremento da procura agregada por bens e serviços, no entanto apresenta como pontos negativos o aumento das tensões comerciais, que têm impulsionado a expectativa de um posicionamento das economias mais proteccionista, e o impacto do aumento das taxas de juro de referência nas economias desenvolvidas sobre a moeda e estabilidade macroeconómica das economias emergentes.

O Investimento Directo Estrangeiro em África poderá apresentar incremento de 20%, para 50 mil milhões USD no ano corrente. O registo reflecte a expectativa optimista sobre o desempenho do preço das commodities e consequentemente dos indicadores macroeconómicos, sendo que, a assinatura do acordo para a criação do Tratado de Livre Comércio Africano apresenta-se como um dos principais estímulos a entrada de Investimento Directo Estrangeiro. A perspectiva de crescimento mais optimista sobre a economia angolana, associada à participação do país no acordo que prevê a criação da Zona de Livre Comércio Continental, confirmada no primeiro trimestre do ano corrente, e à aprovação de leis como a da Concorrência e do Investimento Privado, poderão contribuir para que o registo de fluxo de Investimento Directo Estrangeiro para Angola registe incremento no ano corrente. O posicionamento do país apresenta- se alinhado à perspectiva de atracção do investimento mediante a implementação de medidas diplomáticas, com o relatório da UNCTAD a destacar que em 2017, 65 economias adoptaram, no mínimo 126 políticas de investimento, em que 84% das mesmas favorecem os investidores.