450 parturientes falecem em cada 100 mil em Benguela

450 parturientes falecem em cada 100 mil em Benguela

Especialistas do sector da saúde encontram-se reunidos desde ontem para analisarem as metodologias e práticas medicinais, partilharem experiências e apresentarem casos clínicos e cirúrgicos de sucesso, valorizando-se a investigação científica, no âmbito da 6ª edição das Jornadas Científicas do Hospital Geral de Benguela (H.G.B.).

POR: Zuleide de Carvalho, em Benguela

Quatrocentas e 50 parturientes falecem em cada 100 mil durante o trabalho de parto na província de Benguela, anunciou ontem, nesta cidade, o director do Gabinete Provincial de Saúde, António Cabinda, na abertura das 6ªs Jornadas Científicas do H.G.B. O médico explicou aos presentes que este rácio de mortalidade materna não difere da média nacional, referindo que morrem cerca de 40 bebés em cada 1000 nados vivos (nascidos vivos).

Quanto às causas das mortes de mães e bebés pós parto, esclareceu que estão estudadas e identificadas, faltando afinar estratégias eficientes para reduzir o quadro. O gestor público apontou a pré-eclampsia, hemorragias e questões relacionadas com a hipertensão arterial como alguns dos factores comuns que têm contribuído para que muitas mães faleçam após o parto. Já em relação às crianças recém-nascidas, nos primeiros 28 dias de vida, disse que sofrem de malária, doenças diarreicas agudas e outros factores mortais como asfixia neonatal. “Muitas mães há que não recorrem aos serviços de saúde antes e durante a gestação, nem mesmo no parto, em grande parte por viverem longe de hospitais, mas, também, por fraco conhecimento ou hábitos culturais”, declarou.

Cabinda reconheceu que há falta de hospitais, pois “as mulheres ainda têm muita distância a percorrer para chegarem” e, as que chegam, encontram outras barreiras, como “insuficiente número de recursos humanos, em quantidade e qualidade”. O Hospital Geral de Benguela acolhe, durante três dias (começou ontem, decorre hoje e termina amanhã), esta conferência médica centrada no tema “Mortalidade Materna e Infantil” que é de capital importância, porquanto tem uma taxa elevada em Angola.

Com este evento, que tem como lema “cuidar e formar com amor, uma perspectiva humanizada de tratar”, a maior unidade hospitalar de Benguela pretende contribuir para a redução da mortalidade materno-infantil na província. Estas jornadas, de carácter anual, servem para os profissionais do ramo debaterem metodologias e práticas medicinais, partilharem experiências e apresentarem casos clínicos e cirúrgicos de sucesso, valorizando-se a investigação científica. Apesar de haver redução na mortalidade materno-infantil, actualmente ela ainda é dramática, tendo o Fundo das Nações Unidas para a População declarado, em 2016, que “Angola tem uma das maiores taxas de mortalidade materna do mundo”.