Estado investirá Kz 2 bilhões na capacitação de professores primários

Estado investirá Kz 2 bilhões na capacitação de professores primários

O Ministério da Educação justifica a necessidade de formação contínua dos professores primários pelo facto de ser neste nível de ensino em que está concentrado o grosso da força de trabalho que tutela

POR: Milton Manaça

O projecto para capacitação para professores primários (CAPPRI) custará aos Cofres do Executivo 2 bilhões de Kwanzas até 2022, anunciou ontem, em Luanda, o secretário de Estado para o Ensino pré-escolar e Geral, Joaquim Cabral, durante o lançamento do mesmo. Segundo Joaquim Cabral, o Ministério da Educação (MED) prevê formar 50 mil professores no período em referência, sendo que cada formando custará Kz 40 mil (o que, multiplicando os dois números, dá o valor de 2.000.000.000, 00 Kz), em que está incluída a logística, nomeadamente o material didáctico que será usado pelos formadores e formandos.

“Neste momento temos cerca de 100 mil professores a leccionar no ensino primário e os 50 mil correspondem aos 50% de professores existentes no sistema”, acrescentou Joaquim Cabral. Numa primeira fase, o MED pretende formar cinco mil e 600 professores primários em sete municípios da província de Luanda, em matéria de conhecimento e metodologia de ensino, o que, segundo o responsável, é exequível, tendo em conta os valores (219 milhões) disponibilizados nesta etapa. O CAPPRI foi remetido à análise do Executivo há cinco anos. Todavia, só agora foi aprovada a sua implementação. O MED justifica a necessidade de formação contínua dos professores primários por ser, neste nível de ensino em que está concentrado o grosso da sua força de trabalho.

Sobre o CAPPRI

O projecto em referência foi avaliado pelo Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação (INIDE) e vai transmitir técnicas modernas de ensino baseadas na informação, partilha e na troca de ideias, através de um Guia Pedagógico de apoio à formação que permitirá proporcionar uma interação teórico-prática. O CAPPRI vai actuar nas áreas de leitura e escrita, Matemática, Cultura e Artes, sendo que a medida que for sendo desenvolvido poderá identificar outras disciplinas em que os professores tenham dificuldades. Até 2019, o projecto vai incluir as províncias de Benguela e Huíla. Em 2020, será a vez das províncias do Uíge, Cuanza-Sul, Bié e Malange. Para 2021, o MED vai escalar o Cuando Cubango, Cunene, Lundas Norte e Sul, Zaire e Cabinda e, a última fase, em 2022, será a vez de Moxico, Cuanza-Norte e Bengo.

Extinção dos técnicos médios

O Governo pretende acabar com as escolas médias de formação de professores e, por via disto, terminar com o recrutamento de técnicos deste nível de ensino para o sector. O director Nacional de Formação de Quadros do MED, Isaac Paxe, disse que Angola está a seguir uma orientação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), de que é membro. Tendo em conta a orientação da UNESCO e o número de quadros superiores que o país tem formado, gradualmente o MED vai inserir no seu sistema apenas professores licenciados. Em Luanda, por exemplo, estão previstos o encerramento de três magistérios, com destaque para a Escola de Formação de professores “Garcia Neto” e o Magistério Primário que vai ser transformado num centro especializado para atender uma agenda da União Africana.

Novos professores serão conhecidos na Segunda-feira

Questionada sobre a publicação dos resultados do concurso público para contratação de novos professores, a ministra da Educação, Maria Cândida Teixeira, disse que as listas serão afixadas em todas as províncias na Segunda-Feira, 23, conforme previsão no cronograma do MED. Cândida Teixeira referiu que o sistema de computação usado para a correcção das provas é rápido, tendo revelado que, no caso de Luanda, todo o trabalho foi feito e aguarda-se apenas pelo dia marcado para a colagem das listas. De referir que duzentos e 95 certificados falsos foram descobertos pela equipa do Centro de Tratamento e Processamento de Dados do concurso público da Educação na província de Luanda, durante a fase de inscrição dos candidatos, segundo Joaquim Cabral.