Mais três espécies animais declaradas extintas em Angola

Mais três espécies animais declaradas extintas em Angola

O Rinoceronte Preto, a Hiena Castanha e o Pinguim do Cabo são 3 espécies animais que estão declaradas extintas, segundo a Lista Vermelha de Espécies de Angola publicada Sexta-feira, 13, em Diário da Republica

POR:André Mussamo

A confirmar o dito popular “o azar não vem só”, a lista de danos ambientais no país é extensa. Pois, 19 mamíferos diversos, com destaque para a Palanca Negra, 3 diferentes répteis, em que se inclui a Tartaruga de Couro, 4 espécies de aves e outras 3 de peixes estão ameaçadas de extinção. A extensa lista está anexada ao decreto Executivo nº 252/18 publicado em Diário da República Nº 101, I Série, assinado pela ministra do Ambiente, Paula Francisco, segundo poderes delegados pelo Titular do Poder. A Lista Vermelha está subdividida em categorias, sendo a primeira de “espécies extintas”, a segunda de “espécies ameaçadas de extinção e a terceira categoria de “espécies Vulneráveis”. Na categoria de espécies vulneráveis as aves lideram a lista com 31 espécies, seguindo-lhes os animais mamíferos com 18 espécies, numa lista integrada ainda por répteis, crustáceos, peixes, insectos e espécies vegetais. A caça furtiva, a pesca ilegal, a fragmentação e degradação do habitat, destruição de ninhos, as endemias, a poluição, a exploração insustentável e a urbanização e exploração de inertes são algumas das muitas causas na base das ameaças a fauna e flora no país.

A Mafumeira, o Ébano, o Paupreto, o Pau-ferro, a WelwitschiaMirabilis, o Mucumbi-kumbi, os mangais, as palmeiras nativas e o Pau de Cabinda, são algumas das espécies vegetais mencionadas na lista como “estando em situação vulnerável”. Uma fonte familiarizada com a problemática sublinha que a exploração madeireira terá claramente uma quota-parte da responsabilidade por tal situação. Angola publicou a lista vermelha em obediência à Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies da Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (CITES – sigla em Inglês), bem como a uma atenção particular à política nacional de florestas, fauna selvagem e áreas de conservação, e à estratégia e plano nacional para a biodiversidade ainda este ano aprovados pelo Executivo angolano. Enquanto isso, a saga continua e a imprensa faz a sua parte. Na edição de OPAÍS de 17 de Julho, o facto de seis supostos caçadores furtivos terem sido surpreendidos a caçar no perímetro do parque da Quiçama, foi chamada de capa.

Do Cuando Cubango chegaram notícias referentes à condenação de cidadãos pelo abate de 42 elefantes, porque em sua posse estavam os respectivos 84 dentes de marfim. A Administração Municipal do Golungo Alto desencadeou recentemente uma campanha de “caça” a caçadores ilegais que dizimam dezenas de espécimes da fauna local sob o pretexto de “lutarem pela sobrevivência”. Em tom de denúncia, a administradora considerou que tais caçadores são verdadeiros “dizimadores” de animais, cujo depósito é o conhecido mercado do desvio do Golungo Alto. E acreescentou: “este mercado é prova mais do que suficiente dessa realidade”. Se houver dúvidas, viage-se pelas estradas nacionais na região Norte. Entre Luanda e Ndalatando, à luz do dia, há barracas improvisadas expondo animais diversos.

O eixo Caxito-Uíge é outro grande repositório do produto da caça ilegal, além do troço Caxito-Nzeto-Mbanza Congo. O cidadão Isidro Pandula, um cidadão muito dedicado a questões ambientais, refere que “somos campeões de papéis, decretos e leis, mas temos uma deficiência muito grande na sua implementação. É, sem dúvidas, uma medida importante, mas que deve ser acompanhada pelas devidas medidas de fiscalização”. Recentemente numa entrevista a OPAIS, o ambientalista Vladimir Russo afirmara que “é importante reconhecer que a caça ilegal (tal como a extracção ilegal de recursos florestais) tornou-se num problema que está no limiar do descontrolo, face ao que medidas adequadas devem ser tomadas”. OPAÍS contactatou o director nacional da Biodiversidade do Ministério do Ambiente para, entre várias questões, abordar as medidas em curso destinanas a mitigar os danos sobre as espécies animais e vegetais. Após ter aceite conceder- nos uma entrevista pelo telefone, na hora combinada alegou “falta de tempo” para conceder-nos tal entrevista.