China e África do Sul pedem cooperação comercial na cúpula dos BRICS

China e África do Sul pedem cooperação comercial na cúpula dos BRICS

A China e a África do Sul pediram, na Quarta-feira, aos colegas do BRICS que lutem contra o proteccionismo e promovam o comércio global multilateral diante das ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, que põem em causa o comércio global

As advertências de Trump deram ao Brasil, Rússia, Índia, China e à África do Sul um novo ímpeto para melhorar a cooperação comercial, e autoridade para encontrar uma voz colectiva na defesa do comércio global, durante a cimeira de três dias que começou ontem, em Johanesburgo.

A reunião de presidentes do bloco comercial é a primeira desde que o governo de Trump lançou um esforço para reequilibrar o multilateralismo comercial que Trump considerou injusto, relações que os Estados Unidos já defenderam.

“É nossa obrigação sincera mostrar o nosso compromisso com o sistema multilateral de comércio, salvaguardar a existência da OMC (Organização Mundial do Comércio) e também mostrar a nossa posição clara e forte contra qualquer acção unilateral e proteccionista”, disse Zhang Shaogang, director- Geral do Ministério do Comércio da China, durante a cimeira dos estados membros do BRICS. “A cooperação comercial e de investimentos é a propulsora da cooperação abrangente do BRICS. Precisamos tornar a nossa cooperação mais pragmática e institucionalizada”, sublinhou.

O ministro do Comércio da África do Sul, Rob Davies, disse que a economia mais industrializada da África está a ser prejudicada por danos colaterais. “Todos nós do BRICS concordamos que este momento na economia global exige que fortaleçamos a nossa parceria”, disse Davies. “Este momento é caracterizado pelo unilateralismo, por um movimento em direcção a políticas discriminatórias sobre tarifas acima dos limites da OMC aplicados a alguns e não a outros”, acrescentou.

Na semana passada, Trump disse que estava pronto para impôr tarifas sobre todos os USD 500 biliões em produtos importados da superpotência económica rival, a China, mas mesmo a África do Sul – um pequeno exportador de aço, alumínio e automóveis para os Estados Unidos – está a enfrentar barreiras.

Os Estados Unidos não concederam à África do Sul uma isenção de tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, proclamada por Trump em Março. Davies disse que 7.000 sul-africanos trabalham em empregos afectados pelas tarifas de metais e que um esforço para garantir uma isenção do governo dos EUA não teve sucesso.

Ele disse que a África do Sul também está ciente da ameaça de impôr tarifas às importações de automóveis nos Estados Unidos. “Nós argumentamos contra isso formalmente, e também eu me reuni com o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, para esclarecer a nossa opinião”, disse Davies. Ele disse também que as concessões de importação de aves da África do Sul, das quais os fornecedores dos EUA se beneficiaram, estavam ligadas aos termos preferenciais que a África do Sul actualmente recebe para importações de automóveis nos Estados Unidos.

A cúpula dos BRICS seria oficialmente lançada pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, às 13:00 GMT. Outros líderes do BRICS, incluindo o presidente chinês Xi Jinping, que lidera a segunda maior economia do mundo, também falarão no evento. O presidente russo, Vladimir Putin, deve chegar à ÁfriA dicotomia unilateralismo vs multilateralismo estão em debate nesta reunião do bloco BRICS ca do Sul, na Quinta-feira (hoje).