Executivo reduz sobas em Benguela

Executivo reduz sobas em Benguela

O processo de recadastramento das autoridades tradicionais levado a cabo pelo Governo Central, para reduzir o número excessivo de sobas em todo o país, em Benguela, está a criar descontentamento

POR: Constantino Eduardo, em Benguela

Dos 83 sobas controlados pela regedoria do município sede (Benguela), 22 já foram afastados, estando em funções apenas 61 autoridades tradicionais na circunscrição. Com a redução, segundo fonte da Administração Municipal de Benguela, esta medida obrigará que outros sobas ainda em funções assumam o controlo de dois ou três bairros em simultâneo. A decisão tomada pelo Executivo Central não agradou a alguns sobas nesta circunscrição, cujos cargos lhes davam direito a um subsídio de 19 mil kwanzas/ mês, sendo que a maior parte não trabalha e nem tem fonte de autosustentação. Os subsídios atribuídos aos sobas variam de 19 a 24 mil kwanzas, com base na categoria de cada um. Um sekulo aufere 19 mil, o adjunto 12.600, o regedor municipal 24. 755, ao passo que o comunal 21.373 kzs.

Solidariedade

Os sobas ouvidos por OPAÍS e que falaram sob anonimato, por temerem represálias das autoridades municipais, dizem estar solidários com os seus colegas e deploram esta “dura medida”. Eles alegam que a situação ocorre numa altura que o país se prepara para realizar as eleições autárquicas e os sobas deveriam desempenhar, efectivamente, o seu poder tradicional há muito comprometido pelo poder político. “Foi-nos roubado o nosso poder. Hoje, o soba não é como antigamente, o guardião da tradição da comunidade”, desabafou um dos sobas, para quem a autoridade tradicional está “refém” dos partidos políticos, A fonte disse não se tratar apenas do MPLA, partido que governa, mas também da UNITA, a segunda maior força política do país, salientando haver cidadãos que “são sobas e activistas políticos” em simultâneo.

Reacção

Reagindo ao facto, em entrevista a uma rádio local, o regedor municipal de Benguela, Francisco Tchindulim, explicou que a regedoria está a ajustar a sua estratégia de gestão de acordo com o número de sobas existentes. Explicou que face à redução do número, um soba deverá encarregar- se, em simultâneo, de dois a três bairros. “Por exemplo, o soba José Pires, do 4 de Abril, agora recebeu os bairros Viva a Paz, e a Ilha”, diz, avançando que a regedoria está em permanente diálogo com o Governo.

Futuro incerto

Por outro lado, aquela autoridade tradicional refere que a sua regedoria desconhece o futuro dos sobas afastados dos cargos, estando neste momento dependente de decisão governamental. “Vamos esperar até ao dia em que o Governo nos chamar”, realçou, sustentando que a redução levada a cabo pelo Executivo não se dá apenas com os sobas, mas também com alguns segmentos da função pública. OPAÍS tentou contactar a secretária do Governo provincial para mais pormenores, mas foi confrontado com a informação de que se encontrava ausente de Benguela.