Panda coloca lugar à disposição para facilitar investigação

Panda coloca lugar à disposição para facilitar investigação

Nos próximos dias, o comissário-geral Alfredo Eduardo Miguel Mingas “Panda” poderá encontrar-se com as famílias enlutadas a fim de apresentar pessoalmente condolências e tentar chegar a um acordo, à luz do estabelecido pela lei, sem prejuízo da instrução processual

POR: Paulo Sérgio

O comandante-geral da Polícia Nacional, Alfredo Mingas “Panda”, colocou, ontem, o seu cargo à disposição, em função do acidente de viação em que esteve envolvido e de que resultou a morte de dois cidadãos, segundo fontes de OPAÍS. O comissário-geral terá informado essa decisão de forma verbal e, posteriormente formalizada, aos mais altos responsáveis da Casa de Segurança do Presidente da República e do Ministério do Interior, bem como aos seus colaboradores directos. Fontes de OPAÍS asseguram que terá sido essa a forma que o comandante- geral encontrou para afastar qualquer suspeita de que a sua função poderia condicionar o curso das investigações sobre o acidente que provocou as mortes de João Artur Jimbo, de 29 anos, e de Noémia Adelina Katuliche, de 22 anos, que corre os seus trâmites legais na Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP). Como seu substituto, teria proposto o 2º Comandante Nacional para a Ordem Pública, comissário- chefe Paulo de Almeida.

Na Sexta-feira, uma equipa de peritos da DNIAP, órgão da Procuradoria Geral da República (PGR), realizou a reconstituição do acidente ocorrido por volta das 22h30 de Terça-feira, 24, na Avenida Comandante Gika, em Luanda. A reconstituição, que contou também com a participação de peritos do Laboratório Central de Criminalística e da Direcção Nacional de Viação e Trânsito (DNVT), baseou- se nas informações que constam no croqui relativo ao acidente elaborado pelos agentes da Unidade de Trânsito da Cidade do Kilamba que compareceram no local assim que foram notificados da ocorrência.

O relatório da reconstituição juntar-se-á aos resultados das autópsias aos corpos de João Jimbo e de Noémia Katuliche efectuadas na Quinta-feira, e em que estão especificadas as causas das mortes e os danos físicos que ambos terão sofrido em consequências do embate da Mercedes Benz, modelo AMG 530, conduzida pelo Comandante- Geral, sobre o Hyundai, modelo i10, em que seguiam. “A autópsia é um procedimento normal a que, por lei, devem ser submetidos todas as vítimas de acidentes de viação ou indivíduos encontrados mortos na via pública. Ela servirá para esclarecer, em função do impacto do acidente, quais as causas reais das mortes”, explicou uma outra fonte de OPAÍS. Ao processo foram somadas também foto-tábuas que representam a posição em que foram encontrados os corpos das vítimas, as documentações das viaturas e dos seus respectivos condutores , bem como as apólices de seguro. Sobre esse assunto, a fonte deste jornal não precisou se as duas viaturas tinham as apólices de seguro actualizadas, muito menos de que tipo ou as seguradoras com as quais mantinham vínculos.

Benfica acolhe os jovens

Os restos mortais de João Jimbo e de Noémia Katuliche repousam, desde o final de semana, no cemitério do Benfica. De acordo com as nossas fontes, contrariamente às informações avançadas pelas famílias das vítimas à imprensa, segundo as quais, haviam recebido garantias do comandante provincial da Polícia de Luanda, comissário- chefe Sita Maria José, de que a corporação assumiria as despesas dos óbitos, o apoio está a ser prestado pelos familiares do comandante Panda. Consternado com a situação, o comissário-geral terá assim preferido, justificando que no acidente não tomou parte a corporação, mas sim um dos seus membros que não se encontrava no exercício das suas funções, mas numa actividade privada. “Ele manifestou, desde a primeira hora, que as despesas devem ser assumidas pela sua família e não pela corporação, por não ter sido ela que esteve envolvida no acidente”, disse. Segundo a nossa fonte, o comandante- geral da Polícia Nacional, Alfredo Eduardo Miguel Mingas “Panda”, poderá encontrar-se com as famílias enlutadas a fim de apresentar pessoalmente condolências e tentar chegar a um acordo, à luz do estabelecido pela lei, sem prejuízo da instrução processual.

Altos dirigentes envolvidos em acidentes

O comissário-geral Alfredo Mingas “Panda” não é o primeiro alto funcionário do Estado envolvido em acidente de viação. Virgílio de Fontes Pereira, na época ministro da Administração do Território, sofreu um acidente de viação no dia 24 de Novembro de 2007, na estrada da Samba, quando fazia o trajecto Benfica- Corimba. A viatura em que seguia colidiu com uma outra e houve que acionar os técnicos do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros para o desencarcerar, uma vez que ficara preso no seu interior. O actual o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), general António Egídio de Sousa Santos, também já esteve envolvido num acidente de viação, na Ilha de Luanda, de que resultou na morte de um cidadão. O caso foi julgado, tendo o general sido absolvido.