Recomendações das autarquias

Recomendações das autarquias

Os meus melhores cumprimentos, aos cdas leitores. Escrevo como cidadã angolana na diáspora, preocupada com o país, onde dei o meu primeiro grito. Tenho acompanhado através dos órgãos sociais de comunicação todo o processo da instituição de Autarquias em Angola. Venho por este meio, tecer algumas ideias acerca do tema que tem sido proposto pelo nosso governo.

POR: Dinora Silva

Quero ver estabelecidas algumas prioridades: -Quem deve ser nomeado para esse trabalho de poder local, e o que ele pode colocar como prioridades. – A qualidade da pessoa. Primeiramente, vou falar na pessoa que deve ser eleita, que pode neste momento assumir a responsabilidade de uma junta de freguesia, embora para nós seja uma novidade, uma primeira experiência. Vamos procurar maneira de imitar o melhor dos outros, mas se pudermos ter em conta um modelo em que se leve em conta pessoas que já viveram fora seria muito melhor. Por quê? Porque essa pessoa já conviveu com um estilo de desenvolvimento dum País desenvolvido, essa pessoa com uma formação ainda que seja média, mas que já viveu numa grande cidade, ainda que não seja fora, mesmo na capital de uma província, uma pessoa que já sabe o que é o trabalho de uma repartição pública eficiente, que ao ser entrevistado ou ao ter uma conversa com o superior ou um constituinte, saiba o que dizer e como dizê-lo. Em segundo lugar essa pessoa não tem necessariamente que ser só alguém que já cresceu na região, ou que vive lá, pode ser a pessoa que sente que tem algo para dar naquela área e, ao mesmo tempo, seja idónea. Sabemos como foi o comportamento deles em prévios trabalhos? Para não haver desequilíbrio em termos de haver alguém sem experiência, mas idóneo e competente e outro com muita experiência, mas de péssima reputação e corrupto. Tenhamos também cuidado de não descurar a familiaridade da pessoa com o país e a região, procurando alguém que não vá estranhar e ser estranhado, como se fosse um estrangeiro. Em suma, escolher um candidato que tem de ser uma pessoa credível, que tenha boa formação académica e profissional, que já viveu onde viu qualidade de desenvolvimento económico e social. Agora, as prioridades são as riquezas locais que devem ser extraídas e depois serem comercializadas ou utilizadas pelo povo e não exploradas por multinacionais estrangeiras que levam o ouro e deixam as pedras e os buracos. Mas sem as infraestruturas básicas de estradas, água, luz, canalização e saneamento as freguesias vão ser sempre pobres. O objectivo do poder local é a governação local ser exercida por pessoas que têm de saber o que é a coisa principal para o desenvolvimento da sua freguesia. A começar pela água e luz, porque se não houver luz nem água não haverá nenhuma actividade industrial ou económica que se possa processar. Junto com o saneamento básico, esgotos, recolha e tratamento de lixo e limpeza das ruas, quantas doenças que nos matam e deixam as crianças angolanas com deficiências para toda a vida poderiam ser erradicadas?!… A segunda fase deve ser a instituição de escola pública de ensino básico. Quem não aprendeu a ler, escrever e contar, como vai trabalhar? Como vai votar? Como vai contribuir para o futuro da nação? E, é claro, postos médicos de serviços mínimos. Não se acredita que ainda hoje a mulher angolana tenha que pagar para dar à luz correndo risco de vida e pondo o seu bebé em risco. A outra prioridade é a cidadania. Um administrador da junta de freguesia tem que trabalhar com a cidadania. Quais são as prioridades da cidadania? Cada cidadão deve ter bilhete de identidade, as crianças têm que ter registo, pois não há cidadania sem cidadãos. Cada candidato tem que conhecer as necessidades gerais e específicas como administrador daquela junta de freguesia. E também saber melhorar aquilo que já esta lá, ele não vai encontrar sempre coisas bem-feitas, mas outras coisas que ele encontrar têm de ter como um desafio, esse desafio de melhorar o que ele vai encontrar. O desafio de conseguir dinamizar o povo e a vontade numa estrutura cultural, tradicional, de usos e costumes centenários, mas dispostos a novas experiências que possam sem egoísmos, partilhar com outras juntas de freguesia, pois somos afinal um só povo, uma só nação. Busquemos pessoas de carácter que tenham o coração e a sabedoria para servir o povo e não para se servir do povo.