Celebração:Bonga festeja 76 anos em concerto na Aula Magna em Setembro

Celebração:Bonga festeja 76 anos em concerto na Aula Magna em Setembro

O músico angolano Bonga celebra 76 anos no palco da Aula Magna da Universidade de Lisboa no próximo dia 05 de Setembro com um espectáculo que designou como “uma festa com amigos”.

POR: Jornal de Notícias

Em entrevista à agência Lusa, Bonga disse que o espectáculo na Aula Magna “vai ser antes de mais um dia de festa” porque é o seu 76º aniversário. “Vou lá ter as pessoas que frequentam a minha casa, os familiares, os amigos e os fãs, que são uns miúdos incríveis. Por conseguinte, vai ser um espectáculo em que vamos recordar o que se canta lá em casa, desde o ‘Corrumba’ às ‘Frutas de Vontade’, fazendo vibrar num espectáculo que é um reencontro com pessoas que me querem muito”, disse o músico que recordou a carreira de mais de 40 anos.

Uma carreira que se confunde com a música angolana e a história do país, que retrata nas suas canções, e é feita de “muitas cumplicidades musicais”. Bonga recordou “os tempos difíceis” que viveu, tendo chegado “a ser proibido de actuar, até em Angola”, e quando a música angolana, “de forma pejorativa, era chamada de folclore”. “Houve um período de preconceito, em que chamavam [à música angolana] o folclore, o que era um bocado pejorativo, e [houve] obstáculos que tive de enfrentar, porque era uma música diferente, que não era valorizada, menos ouvida, e hoje, mais que nunca, tenho a consciência de ter posto um tijolo nessa grande construção que é a divulgação, consequente, desta nossa música angolana/africana”, afirmou o músico, acrescentando que a música angolana, actualmente, “é mais reconhecida e conceituada do que há 20 anos”. Referindo-se às actuais fusões musicais como os ritmos ‘Kizomba’ com ‘Kuduro’, o músico considerou que “correm o risco de passar depressa”, ao contrário do género que sempre cantou, “o Semba, que está definido, que é angolano, e é intemporal, aliás, mesmo os que fazem essas fusões acabam por vir bater ao Semba”.

Bonga referiu-se ao Semba como uma música “que tem uma expressão própria e uma vivência muito forte em relação a todo um povo que fez disso a sua forma de vida”. Relativamente ao povo angolano, o cantor disse “que as populações continuam carentes e com grandes problemas”. “É degradante saber que há crianças que morrem diariamente”, mas reconheceu que, actualmente “há uma vontade política, com vista a uma melhor redistribuição da riqueza”. No palco da sala da Cidade Universitária, Bonga vai ser acompanhado pelos músicos Betinho Feijó (guitarra e direcção musical), Ciro Bertini (acordeão), Hernani Lagross (baixo) e Estêvão Gipson (bateria), e pela bailarina Joana Calunga.