Kibuku Kianjinje coloca à disposição dos leitores “O Interior da Luz”

Kibuku Kianjinje coloca à disposição dos leitores “O Interior da Luz”

O público amante de literatura testemunhou o lançamento do livro de poesia de Kibuku Kianjinje, pseudónimo de António Agostinho José Sebastião, intitulado “O Interior da Luz”, num acto que decorreu no auditório da Biblioteca Provincial de Malanje “Rainha Njinga Mbande”

Texto de: Miguel José, em Malanje

O crítico literário José Ernesto “Buda”, a quem coube o privilégio de escrever o preâmbulo da obra, afiançou a esperança de que “O Interior da Luz” venha a cumprir a sua função principal de indicar “o caminho que nos leva para o amor”.

Sustenta que por ser um livro de fácil manuseio e de estrutura formal interpelativa, são duas particularidades que o transformam ao espaço que afoga o sonho impedido; o desejo magoado; a esperança ressequida; a emoção recalcada; o pensamento impotente. Na perspectiva de José Ernesto “Buda”, “O Interior da Luz” surpreende, não pelas suas 87 páginas e 62 poemas. Revela que o tamanho e o valor documental de uma obra literária não são mensuráveis pelo seu número de páginas, mas pelo tempo que se leva a entendê-la.

Notifica, também, pela sua mancha gráfica e o seu referencial temático, das suas várias qualidades de composição que transportam para a nova fulguração poética. Numa breve viagem, no íntimo das palavras e no conteúdo dos versos, José Ernesto “Buda”, expõe que o livro de Kibuku Kianjinje é fortemente influenciado pela tese de que a posse de uma‘estrela interior’ dispensa a luz solar como guia; que a posse de uma luz interior retira o medo de viver e que as palavras que não dão luz aumentam a escuridão.

Por isso, aduz que o autor apresenta um Interior da Luz com uma estrutura formal temário, onde cada parte, com uma única excepção, conta com um astro – na primeira tem a estrela e na segunda, o sol – e o fulgor da palavra como ponto de partida.

Na primeira parte d’O Interior da Luz, o leitor e o crítico literário poderão encontrar 23 poemas que cantam a voz do escritor e polinizam a dipanda. Na segunda, por sinal a menos extensa, contém 18 poemas; o autor embriaga os leitores com beijos e termina expressando uma espécie de renúncia impossível àquela infância que não quer ver mais o coração, a controlar a posição vítima de museus de esperanças magoadas.

E, a terceira parte, com 21 poemas e parodiando a palavra que dá luz, Kibuku Kianjinje exprime o seu desejo, ‘cancioniza’ a falta da voz da sua amada, faz dupla homenagem à mulher africana e à Malanje, sua terra natal, e culmina com uma interpelação extremamente sibilante ao leitor reflexivo e inextinguível.

Abordagem do livro Para Kibuku Kianjinje, “O Interior da Luz” aborda uma realidade sociológica e filosófica numa perspectiva literária, porque foi buscar “o ter e o ser”para estabelecer uma comparação, e ao mesmo tempo encontrar um resultado consubstanciado no equilíbrio da realidade social actual, que é meramente material.

Considera que nos dias que correm, o materialismo acaba por gerar imediatismo, em razão de, hoje, a juventude não ter a capacidade de espera e querer tudo rápido, de tal modo que rapidez acaba por apagar a luz do seu interior. “Perdem a capacidade de ser e lutam, cada vez mais, para ter”, sublinha.

Sobre o autor

Kibuku Kianjinje, de nome próprio António Agostinho José Sebastião, natural da província de Malanje, formado em Gestão de Hotelaria e Turismo, pela Escola Superior Politécnica de Malanje, em 1996 apaixona-se pela cultura hip-hop, onde teve a oportunidade de compor os seus primeiros poemas, como amante e apreciador do referido movimento cultural.

Actualmente, é activista cívico com formação pelos Médico Sem Fronteiras, palestrante, promotor de eventos, investigador cultural e comentador do programa“Raízes da Nossa Cultura”, da Rádio Malanje.

Também apresenta a rubrica radiofónica“Sugestão de Leitura e Convidados de Honra”. É, ainda, professor de Educação Moral e Cívica, formado pelo Instituto de Ciências Religiosas (ICRA), coordenador do Projecto Cultural Pro Artes e Ritmos, membro do Secretariado Provincial da Brigada Jovem de Literatura de Angola e da União Nacional dos Artistas e Compositores-Sociedade de Autores e é membro fundador do Movimento Literário Jisabu.