Estadistas africanos apostam no silenciar das armas

Estadistas africanos apostam no silenciar das armas

Os chefes de Estado e de Governo do continente africano estão determinados a silenciar as armas e tornar a paz uma realidade para todos os povos, pôr fim à guerra, violações dos direitos humanos e aos genocídios, segundo o representante permanente de Angola junto da União Africana (UA ), Arcanjo do Nascimento

O embaixador angolano discursou, Terça-feira, na cidade de Addis- Abeba (Etiópia), no âmbito da presidência rotativa do país ao Conselho de Paz e Segurança (CPS).

A 793ª reunião do CPS marcou o início oficial da presidência de Angola e serviu para se proceder ao lançamento do mês de Setembro (até ao horizonte de 2020) como “Mês Africano da Amnistia para a Entrega e Colecta de Armas Ligeiras e de Pequeno Calibre”.

Na ocasião, o embaixador declarou que a actividade é uma clara demonstração do engajamento e comprometimento dos membros da UA e da sua comissão com o Mês Africano da Amnistia e, consequentemente, com o calar das armas em 2020. Segundo o diplomata, o silenciar das armas até 2020 consta entre os projectos emblemáticos da Agenda 2063, adoptados pelos Chefes de Estado e de Governos para uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos próprios cidadãos e representando uma força dinâmica na arena global.

Acrescentou que, para se alcançar este desiderato, é necessário que se trabalhe em conjunto com as comunidades económicas regionais e os mecanismos regionais de prevenção, de gestão e resolução de conflitos, organizações da sociedade civil e com os cidadãos africanos que ainda dispõem de armas ilegais.

“Neste contexto, apelamos que a divulgação do Mês da Amnistia Africana e que a celebração do mesmo não culmine com esta actividade, mas que cada Estado- Membro possa celebrá-lo a nível nacional, visando incentivar e mobilizar os cidadãos portadores de armas ilegais a fazerem a entrega voluntária das mesmas, combater a proliferação de armas e trabalhar para acabar com os conflitos que ainda assolam o continente”, sublinhou.

Estendeu o apelo aos parceiros da UA, para cumprirem, integralmente, o roteiro principal da UA, e aos estados africanos a partilharem experiências no combate à proliferação e o silenciar das armas até ao horizonte de 2020. No certame foi apresentada uma mensagem da Direcção dos Assuntos de Paz e Segurança, realçando a grande contribuição e esforços da UA para o controlo da circulação e tráfico de armas ligeiras e de pequeno calibre.

Durante a sessão registaram-se intervenções dos representantes da Nigéria, das Nações Unidas, da União Europeia, da Noruega e dos Estados Unidos, todas congratulando- se com o tema. As reuniões, durante o mês de Setembro, estão a ser presididas pelo representante permanente de Angola junto da União Africana e da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Arcanjo Nascimento, igualmente embaixador na Etiópia.

Angola colocou como prioridade da agenda a “busca de soluções africanas para os problemas africanos e, ligada a isso, a questão do financiamento pelos países do continente das acções de manutenção da paz em África”.

Sob presidência angolana, o CPS deverá reunir-se a nível de ministros das Relações Exteriores e dos Negócios Estrangeiros à margem da próxima sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas neste mês de Setembro, em Nova York.

Constam ainda na agenda a análise da situação em países como o Burundi e a República Centro- Africana, a situação da Capacidade Africana de Reacção Imediata às Crises (CARIC), a coordenação das acções de paz e segurança entre o CPS e os mecanismos regionais continentais, nomeadamente a SADC, CEDEAO, IGAD, CEAC e a UNIÃO DO MAGREB, entre outros temas da actualidade africana.

Angola foi eleita em Janeiro de 2018, para um mandato de dois anos, membro do Conselho de Paz e Segurança, o principal órgão encarregue da garantia da paz e segurança no continente e que integra 15 membros, entre eles a Zâmbia, Zimbabwe, Nigéria, Egipto, Quénia, Marrocos, Gabão, Congo, Guiné Equatorial, Djibuti, Serra Leoa, Libéria, Togo e o Ruanda.