Sindicato ameniza pretensão de greve dos médicos de Cabinda

Sindicato ameniza pretensão de greve dos médicos de Cabinda

Um total de 61 médicos que aguardam por enquadramento no Ministério da Saúde, e que vêm este processo frustrado com o concurso público que decorre, pretendiam paralisar as actividades, em Cabinda. O Sindicato dos Médicos de Angola teve de intervir e negociar com os filiados

Texto de: Romão Brandão

Os médicos estão descontentes porque esperavam por uma luz verde no processo de enquadramento no Ministério da Saúde, mas, pelo ‘andar da carruagem’ do concurso público da Saúde dizem que isto pode não acontecer.

O Sindicato dos Médicos de Angola (SINMEA) reuniu, na última Segunda-feira, em Cabinda, com o representante sindical naquela província e tomou conhecimento de um total de 61 médicos em situação de total desmoralização na condição em que se encontram. Eram enfermeiros que trabalham há muitos anos na Saúde, formaram-se e hoje são médicos, e necessitam de enquadramento.

Transitaram da carreira de enfermeiro para a de médico e exercem esta última função há três e quatro anos, mas os seus salários continuam os mesmos da função anterior. “São enfermeiros que já têm mais de 10 anos de trabalho nesta área e a estes adicionam os anos que trabalham como médicos”, esclareceu Pedro da Rosa, secretário-geral do referido Sindicato.

Era suposto que neste concurso público estes profissionais tivessem a prioridade de serem admitidos, o que não está a acontecer, porque veem que há a tendência de se admitir médicos novos, em detrimento destes que já trazem alguma experiência na área, nas cidades e nas zonas suburbanas de Cabinda.

“Os médicos pretendiam entrar em greve nos próximos dias. Nós conversamos com eles e prometemos conversar com as entidades superiores no sentido de se resolver o problema. Tivemos a sorte de no nosso encontro estar presente o Dr. Alberto Paca, vice-governador para a área Social, que também conversou com eles e ficou a promessa de se resolver este problema nos próximos dias”, garantiu.

O sindicalista disse ainda que em função das vagas que o Governo local tem, neste concurso público serão absorvidos alguns desses profissionais, o que dará em dois terços destes médicos, enquanto os outros terão de aguardar.

Este problema da integraçãode profissionais que ontem trabalhavam como enfermeiros e hoje, já formados, trabalham como médicos não é apenas de Cabinda, é uma situação que se regista em quase todas as províncias e com maior incidência nas que têm instituições de formação superior em medicina. Na próxima semana, o sindicato irá à Benguela pela mesma razão.

“São muitos médicos nesta situação, por agora não podemos avançar o número global, mas até ao final do mês estaremos em condições. As províncias de Malanje e Luanda, por exemplo, também tem muitos casos”, finalizou Pedro da Rosa.

Importa frisar que no concurso público da Saúde, das 7.667 vagas, para a modalidade de ingresso (profissionais com ou sem vínculo com o Estado) estão garantidas 3.032 vagas; para a promoção (dirigida aos funcionários vinculados ao Ministério da Saúde e que devem passar para uma categoria imediatamente superior nas carreiras de médico, enfermagem e técnicos de diagnóstico e terapêutica) estão reservadas 2.999.

Já para a actualização (funcionários do sector que durante o período em que estavam a trabalhar aumentaram as suas habilitações literárias e conseguiram fazer licenciaturas em medicina, enfermagem e técnicos de diagnóstico e terapêutica) há apenas 1.636 vagas.