Governo e FAO divididos quanto aos números da fome em Angola

Governo e FAO divididos quanto aos números da fome em Angola

O relatório de 2008 refere que mais de 6 milhões de pessoas em Angola passam fome e cerca de 821 milhões no mundo encontram-se na mesma condição

Texto de: Norberto Sateco

O mais recente relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) aponta que mais de 23 por cento de angolanos passam fome. De acordo com aquela agência, esta percentagem representa mais de 6,9 milhões de angolanos que não têm acesso mínimo aos alimentos. Entretanto, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Marcos Nhunga, contraria estes dados alegando serem obtidos por via de uma perspectiva mundial.

O dirigente admitiu, por seu turno, registar-se um número considerável de angolanos numa situação que classifica como sendo “difícil”. “Não queremos fazer comentários ao trabalho da FAO, mas ela, quando divulga os seus dados são baseados numa perspectiva mundial. Não digo que a população passa fome como tal”, disse Marcos Nhunga, para quem existe a necessidade de se aumentar os orçamentos no sector produtivo, sobretudo para a agricultura familiar, que garante 70 por cento da produção nacional, e no desenvolvimento rural.

Aquando da reformulação do plano estratégico daquele sector, Nhunga havia garantido que o país tinha baixado o índice de pobreza da escala dos 60 por cento para menos de 30 por cento da taxa de fome entre os anos de 2013 e 2015. “Continuamos a lutar para baixar este indicador”, disse aquele dirigente, tendo acrescentado que o alcance dos objectivos, cuja meta seria o ano de 2015, estará depende do aumento do investimento do Governo.

A Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) é uma agência especializada das Nações Unidas cuja missão é a de construir um mundo de segurança alimentar para as gerações presentes e futuras. Os três objectivos são a erradicação da fome, insegurança alimentar e desnutrição; a eliminação da pobreza e o alcance do progresso económico e social para todos; e a gestão sustentável e utilização dos recursos naturais, incluindo a terra, água, ar, clima e recursos genéticos em benefício das gerações presentes e futuras. Para este fim, a FAO fornece alta qualidade técnica e experiência política aos seus países membros, assim como auxiliando-os nos seus esforços para atingir os seus objetivos para a erradicação da fome, reduzindo a pobreza e promover melhorias em meios de subsistência rural e agrícola de forma sustentada.