Khoisans querem caçar no Bicuar para acabar com a fome

Khoisans querem caçar no Bicuar para acabar com a fome

A comunidade de San em causa integra 462 pessoas que se enfrentam dificuldades como falta de alimentos, medicamentos, vestuários e insumos agrícolas. Já há registo de morte por falta de tais condições

POR: João Katombela
na Huíla

Os membros da comunidade San localizada no município de Quipungo, na província da Huíla, clamam que o Governo, por via do Ministério do Ambiente, os autorize a caçar no Parque Nacional do Bicuar para mitigarem a fome que os aflige. Zeferino Carlos Periquito, o soba da comunidade, explicou que estão a passar por dificuldades alimentares por causa do processo de reinserção levado a cabo pelo Governo. O líder tradicional esclareceu que, por esta razão, a comunidade tem enfrentado sérios problemas, uma vez que estão privados de uma cultura alimentar que tem séculos.

O nosso interlocutor sublinhou que muitos dos homens chegam a perder a vida. “Nós estamos habituados a comer carne de caça. Estamos acostumados a caçar, mas já não estamos a fazer isso por causa do um programa de reinserção criado pelo Governo. Nós gostaríamos que nos dessem só uma parte do Parque do Bicuar para caçar”, explicou Zeferino Periquito. Entre várias preocupações que afligem a comunidade San no município de Quipungo constam a falta de alimentos, medicamentos, vestuário e insumos agrícolas.

Khoisans recebem cédulas

Apesar das dificuldades, os membros desta comunidade mostraram- se regozijados com a atribuição da cédula pessoal às crianças, e do Bilhetes de Identidade (BI) aos adultos. A entrega dos documentos que conferem o título de cidadão nacional foi desencadeada por algumas organizações não governamentais que trabalham no apoio às comunidades, em parceria com o Ministério das Justiça e dos Direitos Humanos, no último Sábado. Na ocasião, Zeferino Periquito disse que o gesto vai conferir mais dignidade aos integrantes da sua localidade, bem como facilitar o processo da sua inserção. Reconheceu que só com o Bilhete de Identidade (BI) é que um individuo pode ser considerado cidadão nacional, pois assim, será possível ter acesso a outros serviços. “Estamos felizes com este gesto porque uma pessoa que não tem BI não é considerada cidadã nacional. Agora sim, já podemos meter as nossas crianças na escola, porque já têm cédula”, disse. No Quipungo, estão controlados 462 integrantes da comunidade San, dos quais 244 já possuem cédula pessoal, 218 sem cédula pessoal, 20 receberam Bilhetes de Identidade e 442 sem o documento de identificação.