Research Atlantico: Conjuntura Económica No II trimestre de 2018

Research Atlantico: Conjuntura Económica No II trimestre de 2018

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou, recentemente, o relatório sobre estatísticas da conjuntura económica referente ao IIº trimestre de 2018, onde se depreende a percepção negativa dos empresários sobre a evolução da economia no curto prazo, a julgar pelos constrangimentos macroeconómicos e pelas relevantes insuficiências estruturais que predominam na economia

POR: Atlantico

O desempenho do indicador sugere a existência de receios sobre a capacidade de recuperação da economia do ciclo negativo e a inversão da trajectória, para ascendente, que crie emprego e riqueza para as famílias. A análise agregada demonstra uma ligeira deterioração das perspectivas dos investidores, com o Indicador de Clima Económico (ICE) a reduzir 1 ponto, ao situar- se em -15 pontos, numa análise em cadeia com o trimestre anterior. Entretanto, em relação ao período homólogo registou uma melhoria de 6 pontos, sendo que no segundo trimestre de 2017 o ICE atingiu -21 pontos. Destaca-se que o indicador permanece em terreno negativo e abaixo da média da série histórica. O desempenho do indicador, durante o período em análise, poderá reflectir a perspectiva negativa sobre a capacidade da economia para a criação de condições que estimulem a procura efectiva, reposição dos stocks das empresas, fomentar o investimento e impulsionar a produtividade dos factores em virtude das políticas macroeconómicas restritivas em cursos e das debilidades estruturais da economia.

Numa óptica desagregada, os indicadores dos sectores da indústria extrativa e transformadora continuam a apresentar uma trajectória descendente, em cadeia com o trimestre anterior, ao diminuir em 1 e 9 pontos, para -16 e -26 pontos, respectivamente. A mesma tendência é apurada numa perspectiva homóloga, com o primeiro sector a apurar uma contracção de 10 pontos, enquanto o segundo deteriorou-se em 23 pontos. O desempenho do sector da indústria transformadora reflecte alguns constrangimentos como a falta de matéria-prima, o excesso de burocracia, dificuldades financeiras e na obtenção de equipamentos, tal como a falta de água e energia eléctrica. Por seu turno, as dificuldades resultantes do excesso de burocracia, da falta de matéria-prima e da insuficiência de equipamentos seguiram tendência ascendente face ao período homólogo. A tendência desfavorável verificou- se também nos sectores do turismo e comércio, que durante o período em referência viram as expectativas dos gestores reduzirem -2 pontos, cada, comparativamente ao trimestre anterior, para uma avaliação negativa de -27 e -26 pontos, respectivamente. Relativamente ao período homólogo, os sectores acima referenciados registaram uma melhoria de 1 e 7 pontos, respectivamente.

A insuficiência da procura, as dificuldades financeiras, tal como a insuficiência da capacidade de oferta, foram os principais constrangimentos para as actividades ligadas ao sector do turismo, enquanto o excesso de burocracia e regulamentações estatais, a ruptura de stocks e dificuldades financeiras, afiguram-se como alguns constrangimentos do sector do comércio. O sector da comunicação e transporte permaneceram em terreno positivo. O indicador de confiança no sector da comunicação atingiu 18 pontos, que corresponde redução de 8 pontos face ao período anterior, mas um incremento de 1 ponto em relação ao período homólogo. Por seu turno, o indicador do sector dos transportes situou-se em 7 pontos, uma melhoria de 6 pontos em cadeia com o período anterior e uma melhora de 25 pontos face ao período homólogo.

A mesma tendência foi apurada no sector da construção, que no período em análise registou uma melhoria substancial, não obstante permanecer em terreno negativo, ao melhorar 24 pontos, atingindo -34 pontos, em relação ao trimestre homólogo e uma expansão de 12 pontos em cadeia com o trimestre anterior. Apesar da melhoria apurada, a procura reduzida, as dificuldades para o início de novas actividades e obtenção de crédito continuam a impactar no desempenho da actividade das empresas do sector. Os receios relativos à descontinuidade de projectos, incumprimento de contratos e a incapacidade do executivo em honrar com os desembolsos no curto prazo, em virtude da alteração do paradigma nos diferentes sectores da economia, a prossecução do processo de estabilização macroeconómica, o seguimento de privatização de empresas públicas, e a redução do peso do Estado na economia poderão contribuir para a atenuação da confiança no ambiente de negócios.