Dias de mata-mata

Dias de mata-mata

Os dias que estamos a viver vão ficar na história por algumas peculiaridades que apresentam. Estamos numa fase em que pessoas e grupos procuram posicionar-se, o que é legítimo. É assim que funcionam as sociedades. O ideal seria que as movimentações de influências e de convicções fossem feitas sobretudo no debate de ideias. Seria bom ver as academias a dizer da sua razão. Mas este é um país praticamente sem filósofos, logo, com pouca gente disposta a contemplar a sociedade na sua complexidade. Sobrou então outro caminho, o da arruaça intelectual. Discutimos pessoas, não conceitos. E isto é notório pela forma como as redes sociais estão cheias de trincheiras e de franco-atiradores sedentos de almas. Há verdadeiros processos de linchamento público, normalmente não verificável e muito menos questionável. Atinge desde políticos ao clero e jornalistas. O mata-mata, porém, não é o melhor caminho, apesar de ser o mais fácil e imediato. Queima-se o adversário, mas raramente serve para construir alternativas. O risco é queimar tudo à volta e nada sobrar para servir de sombra. Apesar de tudo, a sociedade ainda vai acreditando em algumas pessoas, em alguma coisa, por ínfimas que sejam. O esventramento publico-mediático que se está a fazer de cada pessoa e até de instituições, poderá matar o pouco que restava. E depois ninguém mais saberá o que fazer .